20 junho 2007

Parado no tempo! (Parte II)



Na continuação do post anterior, vou, nestas breves linhas, fazer mais um pequeno apanhado dos grandes problemas do Concelho de São Pedro do Sul (SPS) e daquilo a que a Vila com o mesmo nome tem assistido nas últimas semanas.

Ao longo dos últimos meses foi, nacionalmente noticiada, a questão da possível venda dos dois balneários das Termas de São Pedro do Sul e de parte do capital social da empresa que as gere (Termalistur), por parte da Câmara Municipal (CM) a privados. Entre o vende, não vende e as várias trapalhadas do Executivo camarário, em relação a este tema, decidiram não vender… para já! Outra questão relativa às termas e também noticiada nos vários jornais de referência do nosso país foi a “tardia” (acrescento eu!) remodelação do balneário D. Afonso Henriques e o forte investimento a que isso leva.

Essa remodelação vai custar ao erário público dez milhões de euros, dinheiro que a CM não tem. De todo! Nem para remodelações, nem para nada. Vejamos. A 31 de Dezembro de 2006, a Câmara Municipal apresentava um passivo de €21.688.237,18. Ora, acrescentando os dez milhões da remodelação do balneário, SPS vai subir uns quantos lugares na tabela dos munícipes mais endividados do País (já é o oitavo). Agora, a questão que deixo aqui é a seguinte, como é possível deixar chegar as finanças da autarquia a este ponto, quando não existem obras de relevo, importantes para o desenvolvimento do concelho? Muitas das freguesias não têm saneamento básico, não existem as, tão prometidas, variantes à Vila, não existem acessos de qualidade à A24 e à A25, não existe uma biblioteca digna dessa nome, não existe uma central de camionagem, continuamos com dois quartéis de bombeiros, sem necessidade (porque os bombeiros não se querem juntar numa só corporação). Para além disso, gasta-se dinheiro desnecessariamente. Como referi no post anterior, a construção do novo Estádio da Pedreira era desnecessário, pelo menos nestes moldes. Será que era mesmo importante, para já, gastar dois milhões de euros para uma equipa de meio da tabela das distritais. Não estou contra, claro. Mas não é, de todo, importante para o desenvolvimento imediato do Concelho. Não será mais importante aliviar os gastos com o pessoal ligado à CM que, só em 2006, pesou 38% do total das despesas, ou seja, quase 100 mil contos/mês!!!

Voltemos à remodelação do balneário D. Afonso Henriques. Onde vai a CM arranjar o dinheiro para pagar à empresa que fez a obra (Somague)? A dita empresa não é um pequeno empreiteiro ali do lado, não vai ficar sem o dinheiro. Agora que o balneário está para abrir, estou muito curioso por aquilo que aí vem. E para ajudar à festa, a CM, depois de dois anos sem o fazer, resolveu voltar a publicar o seu Boletim Municipal, pago, como era de esperar, por todos nós. Como também era de esperar, este boletim de “propaganda” dá grande ênfase a reabertura do balneário, para além de dar uma ideia cor-de-rosa do Concelho, como se não houvesse problemas suficientes para serem resolvidos. Para além disso, a CM está a fazer desta obra, a menina dos seus olhos e utiliza-a para que os sampedrenses se mantenham a escuridão, com grandes cartazes em toda a Vila. Mais uns milhares de euros a saírem dos nossos bolsos. Para além disso, o dito boletim dá ênfase ao facto da CM financiar a obra em 90%. Para mim, não é motivo de orgulho, bem pelo contrário. Seria motivo de orgulho, se se dissesse que teria de financiar só 10%. Era sinónimo de que teria conseguido uns quantos milhões do Estado central ou da União Europeia. Mas o mais curioso, é que os restantes 10% foram conseguidos à mais de seis anos, ainda estava se encontrava à frente da CM, um partido de cor diferente. Ora, passados tantos anos, o dinheiro já voou. Portanto, a CM não financia 90%, mas sim 100%. E o passivo sempre a subir. Mas é motivo de orgulho!

A acrescentar a isto, o Sr. Presidente anda a vangloriar-se, que a obra vai estar pronta dois meses antes do previsto. Que saiba ainda não tenho problemas de memória, mas, a obra não devia estar pronta em Abril passado? Não foi isso que o Sr. Presidente anunciou o início da obra, com cartazes e tudo? Que eu saiba já vamos com dois meses de atraso e não me parece que as obras estejam prontas para a reabertura, já que só o primeiro andar está “quase” pronto, o resto ainda está longe. E, será que a obra vai mesmo ficar nos propagandeados dez milhões de euros? Algo me diz…

O S. Pedro está a chegar e SPS vai festejar, com as festas da Vila. Ora, aqui também tenho algo a dizer. Em primeiro lugar, a contratação de um artista de renome nacional (que até gosto), mas que vai custar à CM perto de cinco mil contos, quando várias associações culturais da terra andam financeiramente estranguladas porque a CM não cumpre os pagamentos dos vários espectáculos que estas realizaram. Ou muito me engano, ou não me parece que o dito artista fique sem o seu dinheiro.


Assim vai a vida em São Pedro do Sul, demasiado má para ser verdade...

Sem comentários: