29 setembro 2007

A polícia está de volta


Terça-feira, 25 de Setembro de 2007, Estádio Nacional, Lisboa, Portugal. The Police estão de volta, vinte e sete anos depois…

São aproximadamente 17h20 quando chego ao Estádio Nacional. As portas acabaram de abrir há vinte minutos. Dentro do estádio ainda são poucos, aqueles que vieram ver a banda de Sting, Stewart Copeland e Andy Summers. Junto ao palco, algumas dezenas de fãs já estão sentados, a guardar o melhor lugar para apreciar o espectáculo. A tarde começa a esfriar. Com os minutos a voar, as pessoas vão chegando. Já se vêem pessoas de todas as idades. No bar encontro um casal de ingleses com dificuldades em comunicar com o barman. Querem saber a que horas começa a primeira banda. Apercebendo-me da cena, dou a informação que o casal desejava. Os dois ingleses terão aproximadamente sessenta anos. Quando regresso ao local que, entretanto, escolhi para me deliciar com os êxitos de Sting e companhia, vejo ao meu lado um jovem, aparentemente vindo directamente da escola, a fazer os trabalhos de casa. Curiosa a diferença de idades encontrada num curto espaço de tempo, penso eu. Mas talvez não. Afinal de contas, The Police separaram-se há vinte anos, mas as suas músicas perduraram durante todo este tempo e os jovens de hoje ainda as ouvem. São poucas as bandas que se podem “gabar” de perdurar no tempo, como o fizeram os Police. Mas qual o segredo deste sucesso, penso eu? Talvez o facto de se terem separado precocemente, quando ninguém estava à espera?

Começam a ver-se as primeiras movimentações, em cima do palco. São 20h15. É a banda de suporte que entra, com uma hora e quinze minutos de atraso. Atraso que se justifica pela, ainda, pouca afluência. Quem anda na estrada, perceberá o quão difícil é tocar para “meia dúzia de gatos-pingados”. Mas, é o Sting?! Não. É o seu filho Joe com a sua banda, os Fiction Plane. Iria jurar que era o Sting! Incrível como o puto (30 anos?!) é parecido com o pai, nos inícios dos Police. Teremos entrado na máquina do tempo? Teremos voltado trinta anos atrás? Impossível, eu ainda nem era um projecto, nessa altura. Acho que estamos mesmo em 2007. Para além de se parecer com o pai, também é baixista, e é o líder de uma banda com três elementos. Não serão semelhanças a mais com os Police? A música começa. O ar reggae também lá está, mas misturado com um rock mais agressivo. Para além de ser parecido fisicamente, também tem a voz imensamente idêntica ao pai. Está no bom caminho. Tocam uma hora. Durante esse tempo, o recinto viu o seu espaço encurtar. Enquanto no palco ainda se perfilam as mudanças de instrumentos, no resto do estádio as pessoas vão se aproximando. São 21h45 quando, enfim, e depois de uma longa espera, os Police entram em palco. A plateia não consegue conter-se. Ouvem-se os primeiros acordes de “Message in a Bottle”. O espectáculo começou. Eles estão de volta! Sting à esquerda, Andy Summers à direita e Stewart Copeland no meio e mais atrás. Com algumas rugas a mais, o jeito continua lá. Melhores do que nunca. Atrás deles, três ecrãs gigantes. Para além disso, mais dois ecrãs gigantes de cada lado do palco, sem contar com grandes efeitos de luz. As músicas vão passando. O público vai acompanhando as letras. “Walking On The Moon”, “Don’t Stand So Close To Me”, “Every Little Thing She Does Is Magic”, “De Do Do Do, De Da Da Da” e a inevitável e, para mim, das mais desejadas “Roxanne”. É tempo de fazer uma pequena pausa. A banda retira-se. O público quer mais. Os Police voltam ao palco, depois de poucos minutos. Reiniciam o espectáculo com “King Of Pain”, seguido de “So Lonely” e a conhecidíssima “Every Breath You Take”. Por fim, chega a última música “Next To You”. A banda agradece e volta a retirar-se do palco. Desta vez, definitivamente. Ainda reside alguma esperança, no meio do público, que eles voltem ao palco. Mas, depressa é dissipada com o surgimento da iluminação artificial do estádio. Acabou. Parece que sim. Pouco mais de duas horas?! Passou a voar. Acho que toda a gente queria mais. Eu, pelo menos, queria. Terminou, aquela que poderá ter sido a última actuação dos Police em Portugal. As pessoas vão saindo a conta-gotas. No palco, dezenas de homens vão acotovelando-se, desmontando todo o material para encher a quinzena de camiões estacionados da parte de fora do recinto, prontos para seguir para outro ponto do globo.

Já cá fora, as pessoas vão comentando alguns aspectos do concerto. No regresso a casa, vou ouvindo excertos de uma entrevista de Stewart Copeland a uma rádio nacional, que patrocinou o espectáculo. Chegado a casa, é tempo de descanso, é tempo de fazer um balanço. Largamente positivo. Grande concerto. Boa moldura humana (trinta e cinco mil pessoas), mas longe do que eu esperava. No entanto, compreensível por o concerto ter sido a uma terça-feira e, essencialmente, pelo elevado custo dos bilhetes. Desejo: que um dia regressem…

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