25 abril 2009

25 de Abril



Faz hoje trinta e cinco anos que se deu a Revolução dos Cravos. Era a queda do Estado Novo e da ditadura, que esteve durante quarenta e um anos à frente dos destinos de Portugal. Esse 25 de Abril de 1974, ficou marcado por uma das revoluções mais marcantes, que a História Universal assistiu. Nada de tiros. Nada de mortos. Nem uma gota de sangue derramado.

Trinta e cinco anos depois, vivemos uma época difícil. Todas as áreas da sociedade estão a ser afectadas. A palavra crise tornou-se na palavra mais utilizada, nos jornais, discursos, conversas de café, etc. A actual crise económico-financeira veio trazer (ou, pôr a nu) outras crises, nomeadamente, social, cívica, etc.

E, é no que concerne esta última, que nos devemos realmente preocupar, ou pelo menos, dar mais atenção. O dia de hoje deveria ser utilizado para isso mesmo. A falta de participação cívica das pessoas já não é o que era. O Presidente da República apresentou uma estatística que demonstra que os jovens estão “desligados” da política. É uma mera estatística e isso vale o que vale, dirão alguns. Mas isso demonstra uma realidade. Eu colocaria a questão de outra maneira. A questão é mais funda do que a mera participação política dos jovens. Diria que é a participação cívica, no geral – política, associativa, etc. –, e não só dos jovens. Sinais dos tempos?! A revista Visão desta semana (Visão, nº 842) apresenta uma sondagem que demonstra que 70,7% dos portugueses acredita que existe mais liberdade hoje, do que no 25 de Abril. No entanto, saberemos nós utilizar e usufruir dessa mesma liberdade?

Alguns dizem que as novas gerações não têm valores. Mas esquecem-se que os tempos mudaram. As lutas não são as mesmas de há 10, 20 ou 30 anos. Hoje, as pessoas não têm tempo, nem vontade de participar no que quer que seja (relativamente à participação cívica, claro), porque têm preocupações maiores. Pagar casa, carro, estudos dos filhos, etc., etc., etc. Isto, quando ainda têm emprego. A nossa forma de viver alterou-se completamente e é muito preocupante. Todos nós estamos confinados a uma “louca” rotina que faz com que não tenhamos tempo, nem vontade de pensarmos por nós próprios sobre os problemas que enfrentamos, enquanto sociedade. Basta pensarmos um pouco sobre situações ridículas do nosso dia-a-dia, para chegarmos à conclusão que vivemos a 250km/h, quando o nosso organismo só pode atingir os 120km/h. Vejamos. Quantos de nós já não foram a um hipermercado ou centro comercial e se esqueceram de onde tinham deixado o carro. Ou ainda, mais trágico do que isso, com a história recente, em Aveiro, de um pai que se “esqueceu” do filho dentro do carro, ao calor e com os vidros fechados. Vejamos, o caso da qualidade dos programas televisivos que são tudo menos feitos para as pessoas pensarem por elas próprias. Não estará na altura de pararmos e pensarmos?! Pensarmos no que queremos para a sociedade e para o futuro desta?

Onde quero chegar com estes exemplos, é que, e aproveitando o dia de hoje, devemos lutar pela Democracia e pela Liberdade, que os nossos antepassados nos deram e transmiti-la às próximas gerações. A Liberdade cultiva-se com participação, com preocupação sobre a sociedade, no seu geral, e não com preocupações pessoais sobre se tenho ou não dinheiro para mudar de telemóvel. Cada povo tem o país que merece. E se Portugal está mal, só se deve a nós próprios. A participação e preocupação cívica não são unicamente o direito de voto, de quatro em quatro anos. Para além disso, não nos podemos esquecer do exemplo da Alemanha nazi e de como Hitler chegou ao poder. Que os 25 de Abril sejam exemplos de lutas para a Humanidade. De lutas por vidas melhores e pelos nossos ideias…

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