14 agosto 2009

O futebol está de volta


Este fim-de-semana vai ficar marcado pelo início da Liga Sagres 2009/2010. Este ano a competição começa mais cedo, já que a época irá terminar com o Mundial na África do Sul, no próximo Verão.

Por questões académicas, profissionais e, talvez, por algum desinteresse, não consegui acompanhar as pré-épocas dos clubes da principal competição profissional, como é meu hábito. O único clube que acompanhei de perto, foi o Benfica – coração oblige. Assim sendo, irei fazer uma análise, do pouco que vi e li, unicamente sobre os “três grandes” e “eternos” candidatos ao título nacional. Esta análise deve ter em conta que o fecho do período de transferências só se realizará a 31 de Agosto, logo, podendo sofrer alterações.



FC PORTO: o FC Porto que se apresenta para esta nova época mostra-se muito diferente e, de alguma forma, transfigurado pelas muitas entradas (11) e pela saída de alguns jogadores fulcrais para a equipa. Essas mesmas saídas (especialmente Lisandro e Lucho) levam-me a reflectir sobre as reais ambições do FC Porto para as competições europeias. Mas tanto um como o outro já tinham demonstrado interesse em mudar de ares e as saídas acabaram por ser inevitáveis. A curiosidade vai ser ver quais as alternativas para esses dois jogadores. Pessoalmente, a principal curiosidade será ver como Jesualdo Ferreira vai colmatar a saída, daquele que para mim, era o jogador mais importante do FC Porto nas últimas épocas, Lucho González (que vai acabar por passar ao lado de uma grande carreira ao mudar-se para o Marselha).

Assim sendo, e tendo em conta que, tanto Lucho como Lisandro, são jogadores insubstituíveis, a Direcção do FC Porto optou por ir buscar em quantidade de forma a dar várias opções ao seu treinador. Agora, está nas mãos do professor Jesualdo Ferreira encontrar mecanismos para que a equipa não se ressinta e consiga manter a sua hegemonia dos últimos anos, já que é isso que os seus adeptos exigem, para além de ser o principal candidato ao título.

A segunda curiosidade será ver quanto tempo os adeptos do FC Porto darão a Jesualdo Ferreira para construir esta nova equipa. Tal como na época passada, acredito que Jesualdo terá de fazer ensaios e adaptações para chegar ao figurino pretendido. O sucesso dependerá, e muito, da adaptação dos novos jogadores (especialmente dos, novos, sul-americanos, tendo em conta a diferença do futebol entre os dois continentes) e do crescimento de alguns jogadores que deixaram muito a desejar, na época transacta (casos de Sapunaru, Guarín, Tomás Costa ou Farías).


SPORTING: a estratégia do Sporting para a nova época mantém-se intacta, mesmo com a entrada de um novo Presidente. Esta estratégia prende-se, não só para dar maior serenidade e estabilidade ao plantel, mas principal pelas obrigações financeiras que o clube tem perante os seus credores. Assim sendo, Paulo Bento obteve dois jogadores novos (Matías Fernández e Caicedo) e fez regressar outros dois emprestados (Saleiro e André Marques). Quanto aos dois primeiros, parecem-me excelentes contratações e são jogadores para entrarem de “caras” para o onze de Paulo Bento. Quanto aos dois últimos, tenho muitas dúvidas que sejam reais alternativas.

No que concerne as saídas, a principal baixa prende-se com Derlei. Pela sua entrega em campo, será um jogador difícil de colmatar. As outras saídas não terão consequências de maior, já que eram jogadores que não eram indiscutíveis nas escolhas de Paulo Bento.

De um ponto de vista geral, o Sporting parece-me o mais fraco dos “três grandes”. Todos os sectores da equipa parecem-me ter deficiências e alguma falta de qualidade. Mais uma vez, Paulo Bento terá que realizar uma época com um plantel muito curto. Mas terá o Sporting capacidade de fazer melhor que nas épocas anteriores, ou pelo menos o mesmo? Para já, e tendo em conta as exibições da pré-época e dos jogos com o Twente para a Liga dos Campeões, os sportinguistas parecem ter uma época muito difícil pela frente… Tal como o FC Porto, o Sporting terá que obter maior rendimento de alguns dos jogadores que transitam da época passada e que, por sinal, são os mais experientes do plantel, isto é, Caneira, Rochemback e Postiga. Além disso, terá de ser a época de afirmação de outros como Veloso, Djaló ou Pereirinha, que só por momentos demonstraram alguma qualidade. Por fim, as questões de indisciplina da época passada, terão um papel crucial para uma época melhor.


BENFICA: tal como referi no início deste post, foi a equipa que melhor acompanhei, pelas razões já conhecidas. Desta forma, arrisco a fazer uma análise mais profunda.

O Benfica versão 09/10 apresenta-se, mais uma vez, de cara lavada e pronto para “mais um ciclo”. Depois de um ciclo eleitoral, em que o Presidente saiu reforçado e prometeu uma grande aposta no futebol, os encarnados apresentam-se com dez novos jogadores (alguns deles de qualidade duvidosa) e, sobretudo, com um novo treinador – Jorge Jesus – que terá a vantagem (em relação a Quique Flores) de conhecer melhor o futebol português. As expectativas são altas, tendo em conta a pré-época realizada e pela impaciência dos rigorosos adeptos benfiquistas. No entanto, é necessário ter alguma calma e esperar para ver a equipa em acção quando os jogos forem mesmo a “doer”.

Começando pela baliza, o Benfica apresenta dois guarda-redes de bom valor (Quim e Moreira) e uma incógnita (Júlio César). Este último veio para substituir o “susto” Moretto. No entanto, preferiria que os encarnados apostassem num jovem da cantera, já que muito dificilmente o terceiro guarda-redes jogará. Contudo, a aposta em Júlio César, é uma aposta de futuro e demonstrou no Belenenses algumas qualidades. Na luta da titularidade, Quim parece-me melhor, pela sua experiência. Terá que ganhar, de novo, a confiança mental de outros tempos, em que, e muito, salvou o Benfica.

Na defesa, sector mais frágil na época passada, as laterais continuam com as mesmas fragilidades. Do lado esquerdo, Shaffer parece o mais forte candidato a ocupar o lugar. Contudo, não parece agradar a Jorge Jesus, que também já dispensou (e mal) Sepsi e fez vir César Peixoto (que se notabilizou a jogar como médio-interior esquerdo e a número 10, em Braga (não a defesa esquerdo)). Isto, leva a crer que o David Luiz poderá (mais uma época) ocupar o lado esquerdo da defesa. Perde-se um grande central, o mais rápido de todos, a sair da defesa. Do lado contrário, Patric não convenceu ninguém e continuo a achar que Maxi Pereira é um jogar esforçado, mas não jogador para o Benfica. Quanto à repescagem de Luís Filipe… só se compreende pela falta de dinheiro para comprar um novo jogador. Quanto aos centrais, Luisão e David Luiz parecem os mais fortes para ocupar os lugares. Contudo, veria com bons olhos a venda de Luisão, já que no banco existem centrais de qualidade (Sídnei, Miguel Vítor e o jovem, promovido dos juniores, Roderick Miranda).

No meio-campo, a trinco, Javi Garcia apresenta-se como o dono do lugar (até pelo valor que custou!), tendo Yebda como sombra. Na posição de interior-esquerdo, Di María tem realizado uma pré-época de grande qualidade e será, pelo menos, neste início de época o titular. No entanto, terá de ter muito cuidado com a concorrência do transfigurado Fábio Coentrão (mais maduro, disciplinado e trabalhador em prol da equipa). A médio interior-direito, Ramires parte na pole position. Porém, o facto de ter tido uma época desgastante e sem férias, poderá relegá-lo para o banco, neste início de época. Como substitutos, o plantel apresenta Carlos Martins (que terá que mostrar muito mais do que na época transacta) e o polivalente Rúben Amorim, para além, de Urretaviscaya que, contudo, deverá (ou pelo menos deveria, de forma a poder jogar com mais regularidade) ser emprestado. Na posição mais adiantada do losango de Jorge Jesus, o plantel tem à disposição Aimar. Aqui faltará um verdadeiro substituto, já que nem Nuno Gomes, nem Carlos Martins serão verdadeiras alternativas ao argentino.

Por fim, na frente de ataque, a dupla Cardozo – Saviola será titular. Weldon e Nuno Gomes serão os substitutos, tal como o jovem Keirrison, emprestado pelo FC Barcelona. Quanto a Mantorras já não tenho comentários. Mais uma vez, repito aquilo que já referi na época passada e na anterior, mesmo sendo um ícone e de ter muita empatia com os adeptos, Mantorras nunca voltará aos tempos áureos. Era preferível encontrar uma saída que fosse boa para o jogador e para o clube (que poderia até nem passar pela sua saída do clube), antes de deixar arrastar este processo mais tempo. O Benfica é um clube, aparentemente, profissional e não pode deixar-se envolver nestas formas de sentimentalismos. Para o bem do clube e do próprio jogador…

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