24 maio 2008

Tempo de balanço


Mais uma época chegou ao fim, cheia de acontecimentos marcantes, recordes batidos e, como sempre, muitas controvérsias. Com um vencedor encontrado desde muito cedo, a Liga Bwin 2007/2008 teve muita emoção, até ao fim, no que toca à luta pelos lugares europeus. No entanto, o campeonato, agora findo, não se jogou unicamente dentro das quatro linhas, já que, também, ficou marcado pelos processos “Apito Final” e a questão, cada vez mais frequente no nosso futebol, dos salários em atraso.

O F.C. Porto foi, sem qualquer dúvida, a melhor equipa do campeonato. Desde muito cedo começou a criar uma diferença pontual muito grande em relação aos seus adversários mais directos pela luta do título, acabando com uma diferença pontual (sem os seis pontos que lhe foram retirados devido ao processo “Apito Final”) de 20 pontos! Há muito tempo que não se via uma diferença tão grande entre o campeão e o segundo lugar. Este F.C. Porto demolidor deveu-se (para além da excelente organização e estabilidade internas) à manutenção da sua equipa, do ano anterior. Analisando o onze base do F.C. Porto podemos concluir que Jesualdo Ferreira pouco ou nada mudou, em relação à época transacta. As excepções foram Tarik Sektioui e Ernesto Farías (e por momentos, Mariano Gonzalez). Foi uma aposta ganha por parte de Jesualdo Ferreira. A grande mágoa portista prendeu-se com a carreira europeia, eliminado pelo “modesto” Schalke 04 nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Para os lados de Lisboa, os dois maiores clubes da cidade fizeram uma época decepcionante, tendo o Sporting, no entanto, mais razões para sorrir. Com um plantel bastante curto, em termos de quantidade/qualidade, o Sporting desta época teve grandes contrastes. Entre grandes exibições e jogos “paupérrimos”, Paulo Bento foi obrigado a utilizar, praticamente sempre, o mesmo onze. Jogadores como João Moutinho, Tonel ou Liedson acumularam inúmeros minutos entre as quatro competições em que o Sporting participou (Campeonato, Liga dos Campeões/Taça UEFA, Taça da Liga e Taça de Portugal). Mesmo com um plantel tão curto, os leões conseguiram alcançar o segundo lugar, vencer a Taça de Portugal, chegar à final da Taça da Liga e aos quartos-de-final da Taça UEFA, sendo eliminado pelo Glasgow Rangers.

Do outro lado da Segunda Circular, o Benfica fez uma das suas piores épocas de sempre. Tendo investido qualquer coisa como 30 a 35 milhões de euros em reforços, os encarnados demonstraram que o dinheiro não paga a felicidade, nem cria grandes equipas. Sem um projecto concreto e devido à constante instabilidade do clube, o Benfica teve três treinadores, sendo que o primeiro foi despedido, logo, à primeira jornada?! Sempre mais preocupados com questões externas ao clube, os encarnados passaram completamente ao lado das competições em que participaram. O jogador que mais se destacou foi, sem dúvida, o “veterano” Rui Costa, que em final de carreira demonstrou toda a sua qualidade. Para além do Rui Costa, há a destacar também o guardião Quim que, por muitas vezes, evitou o pior.

Se os grandes de Lisboa desiludiram, os Vitórias foram as grandes revelações desta época. Com orçamentos muito baixos, conseguiram construir as suas equipas e torná-las muito competitivas. O de Guimarães conseguiu chegar ao terceiro lugar, qualificando-se pela primeira vez para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, dando, os seus adeptos, um grande exemplo de apoio ímpar à sua equipa. Quanto ao Vitória de Setúbal, demonstrou também bom futebol alcançando o sexto lugar da Liga Bwin e vencendo a recém-criada Taça da Liga. Os dois Vitórias contribuíram, em muito, para a presença de mais público nos estádios. Os dois clubes (um, vindo da Liga de Honra, outro, com graves problemas financeiros) deram um grande exemplo ao futebol. O espectáculo agradece.

A época ficou ainda marcada pelos casos extra relvado. Desde o processo “Apito Final” até aos salários em atraso (cada vez mais frequentes no nosso futebol) foram inúmeros os casos que ensombraram, uma vez mais, o futebol português.

Para além disso, e em tom de nota final, gostaria, também, de realçar o facto da Taça da Liga e a de Portugal não terem tido grande sucesso. Explico-me. No que toca à nova competição (Taça da Liga) será necessário que a Liga de Clubes repense o formato da prova, para que os maiores clubes tenham vontade de disputá-la. Para além do formato, os prémios também deverão ser revistos. Num país como o nosso, não será, de todo, fácil, mas é necessário que esses clubes, ditos maiores (não estou só a falar dos três grandes, mas principalmente) cheguem longe na prova, já que são eles que poderão dar maior ou menor relevância e mediatismo à competição. Quanto à Taça de Portugal, a ideia é a mesma, sendo que neste caso, realçaria o facto de não concordar, há muito tempo, com o facto da final se realizar no Estádio do Jamor. Para além de representar uma época negra para o País, o Estádio não oferece as condições necessárias (conforto, segurança, etc.) para acolher uma final. Com tantos estádios no País, construídos para o Euro 2004 e, em certos casos, com as suas equipas a jogarem nas divisões secundárias, porque não realizar a final da Taça noutro local. Casos como o estádio de Aveiro, Leiria, Algarve, Coimbra que passam a temporada inteira vazios (tirando o de Coimbra) poderiam perfeitamente acolher a final. Além disso, são cidades que já demonstraram (especialmente nos casos de Aveiro e Leiria) não terem uma grande tradição em irem aos estádios e verem bons jogos de futebol. Seria bom pensar urgentemente nesta duas competições, para que não sejam, cada vez mais, relegadas para segundo plano.

1 comentário:

Rui Miguel Ribeiro disse...

De que época é que estás a falar?!? Não dei por nada disto!!!

P.S. Eu gosto da Final da Taça de Portugal no Jamor!