31 dezembro 2008

Balanço do ano 2008... palavras para quê?

Contestação dos professores




Évora de ouro!




Sismo na China




Rússia invade a Geórgia



Eleição de Obama



O "super" Magalhães




Atentados na Índia



A queda de Bush



Crash nas Bolsas



Casal Sarkozy

04 outubro 2008

Marketing Político - lições de Sócrates





Com a entrada de mais um ano escolar, a novidade deste ano prende-se com a distribuição maciça de computadores portáteis, denominados de “Magalhães”, para todas as criancinhas portuguesas que frequentam o Ensino Básico. Até final do ano serão 500 mil, através de mais um dos programinhas populistas deste Governo – e.escolinha.

O Sr. Primeiro-Ministro fez questão de estar presente em várias escolas do país, acompanhando a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, para as referidas entregas. Os miudinhos deliraram (não se esperava outra coisa, é uma prenda antecipada). E os governantes, fazendo de Pai e Mãe Natal mostravam ao País como são bons para com as criancinhas. Foi um forrobodó…

Ora, este presente em que o “Engenheiro” Sócrates tem apostado tanto, ao longo das últimas semanas, parece algo envenenado. Está-se a criar um grave problema para o futuro da sociedade e para a forma de todos nós comunicarmos. Estas crianças, não só vão deixar de prestar atenção aos professores, como vão passar horas e horas em frente aos computadores, seja na escola, seja em casa. Segundo estudos recentes, o computador já ultrapassou a televisão, como meio de distracção das crianças e onde elas passam muitas horas por dia. Para além disso, é óbvio que as criancinhas vão utilizar os computadores para tudo, menos para os fins para os quais o Governo lhos entregou. Talvez, daqui a uma ou duas décadas tenhamos os nossos alunos a lutar com os professores, dentro da sala de aulas, para que os primeiros desliguem os PC’s ou parem de jogar…

Em compensação, as criancinhas vão chegar a casa, todas contentes com os seus computadores novos, e dizer aos paizinhos que o tio Sócrates é fixe e que dá computadores. As eleições estão à porta...

22 agosto 2008

Emoções de volta



Depois das férias e de muitas mexidas nos plantéis, as emoções do futebol nacional estão de volta, com o pontapé de saída da nova época a ser realizado esta noite no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, entre a equipa local e o V. Setúbal.Como é apanágio nesta altura, os níveis de confiança dos adeptos e das suas equipas estão ao seu mais alto nível. Uns acreditam que vão revalidar o título e outros dizem que não passará deste ano, outros ainda, acreditam que as suas equipas se mantenham na primeira divisão. São muitos os objectivos e as esperanças. Como já crónico no nosso campeonato os “três grandes” são os principais candidatos à vitória final. Ao longo das próximas linhas irei dissecar os dezasseis participantes da Liga Sagres. Desde já, perdoem-me o facto de me alongar mais sobre uns clubes do que outros, mas, como compreenderão, é, nesta altura da época, mais fácil criar uma ideia sobre os clubes que ficaram na primeira metade da tabela, na época transacta.


ACADÉMICA: Com um orçamento mais curto, em relação à época transacta, os estudantes conseguiram manter, no seu essencial, o mesmo plantel. No entanto, a Académica perdeu o jogador mais influente da sua defesa, Kaká, vendido ao Hertha. Para além disso, a partida de Luis Aguiar também será uma baixa de vulto. No que toca a entradas, há a destacar a entrada do avançado Garcés, dos médios Madej, Carlos Aguiar (irmão de Luis Aguiar, agora no Sp. Braga) e do defesa Luiz Nunes, jogador experiente. No entanto, não será tarefa fácil melhorar a classificação da época anterior (12º). A manutenção do treinador Domingos Paciência também é uma boa aposta por parte da Académica.


BELENENSES: Há várias épocas a praticar bom futebol e uma equipa consistente, o Belenenses viu partir o seu comandante, Jorge Jesus. Para o seu lugar, chegou um brasileiro, já conhecido do futebol português, Casemiro Mior. Este último, tem pela frente uma tarefa muito complicada, já que terá que construir uma equipa do zero. Mior já tinha treinado o Nacional da Madeira há algumas épocas atrás, onde tinha chegado a um surpreendente quarto lugar. Já nessa altura, Mior tinha substituído um técnico que tinha deixado marcas no Nacional: José Peseiro. Será que desta vez consegue levar os azuis ao topo? Para isso, Mior foi buscar catorze jogadores novos, na sua maioria brasileiros, vindos de clubes bem cotados nos campeonatos brasileiros. Este forte investimento era necessário, já que o Belenenses viu partir os pilares da sua equipa. Rolando foi para o Porto, Ruben Amorim para o Benfica, Alvim para a Alemanha e Alcântara para o Cluj, da Roménia. Com este rombo na equipa, as boas notícias para o Belenenses é a manutenção de Silas e Zé Pedro, motores da equipa. No entanto, a tarefa, em chegar aos lugares cimeiros, revela-se bastante complicada.


BENFICA: Será dos “três grandes” o que terá mais dificuldades em vencer o campeonato. Todo o futebol dos encarnados sofreu uma grande revolução. Mais uma. Mas será que esta, encabeçada pelo novo director-desportivo, Rui Costa, terá final feliz? Talvez, a qualificação para a Liga dos Campeões já seja muito bom para esta equipa em construção. Começando desde logo pelo treinador, que trouxe profissionalismo, método e organização ao clube, Quique Flores, um pouco à imagem de José Mourinho, faz parte de uma nova geração de treinadores, que fazem do futebol uma ciência, em que qualquer pormenor deve ser estudado. Além disso, sendo um treinador jovem, Quique Flores quererá demonstrar a todos que as boas classificações que obteve no Valência não foram obra do acaso. No que toca aos jogadores, o Benfica foi a equipa que mais investiu (23 milhões de euros), mais uma vez (já o tinha feito na época transacta) apostou bastante na juventude. Como já é habitual, foram muitos os nomes que apareceram nos jornais como possíveis reforços dos encarnados, mas nem todos vieram (esta especulação em relação a jogadores era algo que se pensava que Rui Costa iria controlar).

Começando pela baliza, o regresso de Moretto, que nem foi muito falado, é uma boa aposta. Não que seja um grande guarda-redes ou mesmo que venha para ser titular, mas já era jogador do clube e evitou que se gastasse mais alguns milhões num jogador que iria de certeza ser suplente.

No que toca à defesa (sector que menos mudou), as laterais ainda são o ponto mais fraco do Benfica. Do lado esquerdo, o Léo (que acabou por renovar) é bom jogador (bastante ofensivo, menos bom a defender) e será titular. No entanto, não há alternativa para ele. O regressado Jorge Ribeiro não é jogador para este nível e, mesmo tendo-se destacado no Boavista, na época passada, foi numa outra posição (como médio). Do lado direito, a saída do Luís Filipe imponha-se, mas as alternativas que ficaram não dão segurança. Pela lógica, o Nélson deveria ser o titular, mas com os problemas físicos que o têm perseguido, foi adaptado o Maxi Pereira, que, mesmo sendo mais seguro a defender, é pouco interventivo no jogo ofensivo da equipa. Para além disso, os jogos a sério ainda não começaram. Depois no centro da defesa, o Benfica conta com Luisão, David Luiz (que parece já estar de regresso, após uma lesão que o afastou durante vários meses), Edcarlos (talvez o central mais fraco e de quem se diz que poderá sair), Miguel Vítor (produto das camadas jovens e que já demonstrou que tem qualidade) e Sidnei (única contratação para o centro da defesa (é bastante jovem ainda, mas também ele, já demonstrou que tem qualidade)).

No meio-campo, os jogadores que vêem da época anterior são Binya, Katsouranis e Fellipe Bastos (já está no clube desde Janeiro, mas não foi inscrito antes porque não tinha 18 anos (jovem que poderá ter um grande futuro pela frente). Além disso, entraram Yebda (jogador possante e muito batalhador), Rúben Amorim (boa contratação), Carlos Martins (incompreensível) e Pablo Aimar (uma das estrelas da companhia e substituto de Rui Costa). Passando para os extremos, o Benfica manteve, para o lado esquerdo, Di María (que está em grande nos Jogos Olímpicos) e contratou José António Reyes (por empréstimo, a outra estrela da companhia). Do lado oposto, foi buscar Balboa (da segunda ou terceira linha do R. Madrid e que pouco mostrou até agora) e Urreta (jovem de 18 anos que tem dado muito nas vistas). Aqui, tal como nos defesas laterais existe um défice de qualidade.

Por fim, os avançados. Nuno Gomes, Cardozo e Makukula (ainda poderá ser dispensado (mal se se vier a confirmar)) continuam no plantel, tal como, o eterno Mantorras (que se arrasta no ginásio (já era tempo de esclarecer esta questão e não deixar o jogador na ilusão de que pode regressar àquilo que era)). Ainda se perspectiva a entrada de mais um avançado.Será curioso ver como a equipa se vai comportar sem o Petit (saída compreensível, menos o facto de ter sido a custo zero). Além disso, o Benfica também perdeu Rui Costa e Cristian Rodriguez que em muito influenciaram o futebol da equipa, no ano passado. Além disso, a saída de Nuno Assis também deixa muito a desejar, já que poderia ser muito mais útil no lugar do Carlos Martins (tirando na época em que o Benfica foi campeão, Nuno Assis nunca jogou na sua posição natural). A ver vamos o que dá este novo Benfica. Mas não haja ilusões, um segundo lugar já seria uma grande vitória para uma equipa que começa do zero.


E. AMADORA: Será a quarta época consecutiva do Estrela no escalão maior do futebol português. Sempre com muitas dificuldades financeiras, o Estrela viu sair Daúto Faquirá do comando técnico. Para o seu lugar, veio um treinador desconhecido, dos escalões inferiores, Lito Vidigal, que quererá, sem dúvida, que tem qualidades para estar na primeira divisão. No entanto, e devido aos constrangimentos financeiros, Vidigal, tal como anteriormente Faquirá, terá de ser imaginativo para montar uma equipa com poucos recursos. O plantel é bastante inexperiente e a entrada do experiente e internacional português Luís Vidigal, irmão do técnico, é bem-vinda. Além disso, o toque de magia está nos pés de Celsinho, jovem que veio do Sporting por empréstimo e que quererá demonstrar todo o seu valor. Mas o Estrela terá vida difícil.


FC PORTO: A novela do Verão poderá perfeitamente ser a de Quaresma. Sai ou não sai? Eis a questão. A resposta tarda em ser encontrada. E que importância tem esta questão para o bem do jogador e do próprio clube.Mas vejamos primeiro outras questões que poderão influenciar esta nova época em que os Dragões partem, inevitavelmente, como favoritos à vitória final. Se por um lado toda a estrutura do futebol se manteve (treinador e alguns jogadores chaves), o Porto fez muitas contratações. Arriscaria mesmo a dizer, demasiadas. Havia algumas lacunas a tapar, mas o Porto fez mais do que isso. Não será construir uma equipa do zero, já que a espinha dorsal da equipa está lá ou quase, mas Jesualdo Ferreira não poderá, como o fez na época passada, começar o campeonato com uma equipa já feita, logo que, à partida, lhe dará mais confiança.

Começando logo pela baliza, o FC Porto manteve os três guarda-redes da época passada.

No que toca à defesa, os dragões sofreram grandes mudanças, já que com a saída de Bosingwa, Jesualdo Ferreira viu partir uma pedra importante para destabilizar os adversários, com as suas constantes subidas no campo. Para o lugar, o FC Porto foi buscar o romeno Sapunaru, mais alto e com bom jogo de cabeça, mas menos ofensivo. Sapunaru tem feito a pré-época a titular e deixado Fucile (a meu ver, melhor) no banco. Do lado oposto, entrou Benitez para render Cech. O lado esquerdo da defesa azul e branca continua a ser o sector mais permeável, já que Benitez ainda não convenceu e Lino não é jogador para um clube como o FC Porto. A única solução seria colocar Fucile do lado esquerdo (posição que ocupou até agora). No entanto, Jesualdo Ferreira tem apostado em Benitez. A ver vermos com o desenrolar da época. Quanto ao centro da defesa, a dupla Bruno Alves (melhor central da equipa) e Pedro Emanuel serão os titulares indiscutíveis, mesmo sendo curioso ver como o segundo se vai portar e não influenciar o rendimento da equipa (já está em final de carreira). Os substitutos serão Stepanov e o novato Rolando, vindo do Belenenses (mais um central vindo beber da escola de centrais que o FC Porto já nos habituou a dar ao futebol português – um novo Jorge Costa ou Bruno Alves?).

O meio-campo perdeu o jogador mais importante que uma equipa de futebol pode ter. A saída de Paulo Assunção vai ser difícil de colmatar. Invisível mas sempre no sítio certo, ele era o pêndulo da equipa, as costas de Lucho e Meireles, fazendo com que estes dois tivessem total liberdade para subirem no terreno. Ele era o “6”, o Marcos Senna do FC Porto (fazendo um paralelo com a Espanha campeã europeia) ou o Costinha nos tempos de José Mourinho ou mesmo da Selecção Nacional. Jesualdo Ferreira tem apostado no recém-chegado Guarín ou mesmo em Raúl Meireles. No entanto, nem um nem outro são jogadores para esta posição, não passando de meras adaptações. Tal como Tomás Costa. O único jogador que poderia fazer aquela posição seria talvez Bolatti que ainda não conseguiu mostrar, ou até Fernando (talvez demasiado jovem para ocupar uma posição tão importante). Por outro lado, o sucesso do FC Porto passará muito pela forma de Lucho González e Raúl Meireles, indiscutíveis no meio-campo, principalmente do primeiro.

Para a linha mais avançada, a grande contratação dos dragões foi Cristián Rodríguez, ao rival Benfica. Jogador muito batalhador e que poderá ser uma das figuras da época. Além disso, foram buscar ao Japão um jogador que já tinha passado por Portugal, mas que na altura teve pouca sorte, conhecido por “Hulk”. Será curioso verificar como este jogador, que apontou três dezenas de golos na época passada, se vai enquadrar no FC Porto. Até agora tem demonstrado remate fácil. Mariano e Tarik não deverão passar de segundas opções, se Quaresma ficar. Porque aqui temos a questão importante, de novo. É que com Quaresma no FC Porto, o tridente ofensivo passaria obviamente por Rodríguez, Lisandro e ele, formando, sem dúvida, o ataque mais forte da Liga. No entanto, esta indefinição quanto à sua saída abrirá a porta a um dos três já referidos anteriormente (Mariano, Tarik, Hulk, ou mesmo, Candeias, das camadas jovens dos dragões e que também já demonstrou ter qualidade para fazer parte do plantel). Isto, se Jesualdo não colocar Lisandro numa das faixas, onde aí entraria para o meio, Farías. Arrisco a dizer que aos azuis e brancos ainda falta um avançado de área, alto e possante. Quanto à indefinição quanto à saída de Quaresma, o FC Porto já deveria ter solucionado a questão. Este caso só prejudica o jogador e mesmo o próprio clube. Muito do sucesso ou insucesso dos dragões esta época, passa por esta questão. Já que se Quaresma sair, Jesualdo Ferreira perderá mais um jogador que tanto influenciou a conquista do “tri”. No entanto, se ficar, será que Quaresma não ficará desmotivado? E se isso vier a acontecer, não será destabilizador para o resto do grupo? Até ao final da próxima semana teremos mais novidades. No entanto, os azuis e brancos são os grandes favoritos a ganhar, de novo, a Liga.


LEIXÕES: Mais uma época sofrida, será a do Leixões. Tal como no ano passado, o Leixões será das equipas com mais dificuldades em conseguir manter-se na Liga Sagres. A equipa perdeu três jogadores influentes (Ezequias, Filipe Oliveira e Paulo Machado), mas conseguiu atrair alguns jogadores interessantes como Vasco Fernandes, Zé Manuel ou, mesmo, Wesley, que deverá ser a estrela da companhia, dando mais poder de fogo à frente de ataque. Mesmo assim, as gentes de Matosinhos deverão ter muita capacidade de sofrimento. A pré-época tem sido catastrófica e o treinador José Mota, não tem a história do seu lado, já que da única vez em que treinou fora de Paços de Ferreira, não foi nada feliz (o Santa Clara).


MARÍTIMO: O Marítimo está de volta às competições europeias e com vontade de se afirmar, de uma vez por todas, a nível interno. Com um presidente ambicioso e revelando o desejo de ver o clube sempre nos lugares cimeiros, o Marítimo parte para a nova época com um novo treinador, Lori Sandri. Menos conhecido e com menor currículo, Lori Sandri será o substituto natural Lazaroni, já que a filosofia é a mesma. Mesmo tendo perdido alguns jogadores importantes na defesa e no ataque (nomeadamente três titulares na defesa: Ricardo Esteves, Ediglê e Evaldo, para além de Mossoró, Fábio Felício e Kanu no ataque), o Marítimo conseguiu manter os jogadores mais influentes, mantendo a qualidade da época passada. Assim, será necessária haver a devida adaptação ao novo treinador e ver como será este Marítimo versão 2008/2009. Mas, não será descabido ver os madeirenses de novo nos lugares europeus, no final da Liga. Para ajudar aos objectivos do Marítimo, o clube contratou ao Benfica Miguelito, Paulo Jorge e Manú.


NACIONAL: O Nacional, tal como os seus vizinhos do Marítimo, apostam muito nesta nova época. O objectivo é chegar aos lugares europeus. Para isso, o presidente Rui Alves foi buscar Manuel Machado, o último treinador a levar o clube à Taça UEFA. Mas talvez este objectivo seja, para já, demasiado alto. O Nacional perdeu vários jogadores influentes, nomeadamente na defesa. O mercado de eleição dos insulares foi o brasileiro, de onde vieram a maioria dos novos jogadores, como já tem sido hábito. Sendo uma equipa bastante forte a jogar em casa, mesmo com os “três grandes”, o Nacional parte para esta nova época com uma defesa nova e deverá levar o seu tempo até mostrar a coesão que até aqui demonstrou. Isto, se os reforços tiverem qualidade…


NAVAL: A Naval para a sua quarta época consecutiva entre os maiores do futebol português e sempre a subir. O objectivo para a nova temporada passa pela estabilidade, ou seja, manter-se dentro das posições alcançadas nas temporadas anteriores e se possível subir um ou dois degraus. Para além de querer fazer umas gracinhas nas Taças. Com um orçamento ligeiramente superior ao do ano anterior, a Naval foi a rainha das transferências (11 contratações e 12 saídas). Uma autêntica revolução numa equipa que quer manter as boas prestações das épocas anteriores. Na baliza, por exemplo, saíram os quatro guarda-redes, para entrarem três. Inédito nos últimos anos. Com a entrada de tantos jogadores, a concorrência aumentou, o que poderá ser benéfico para a Naval. Algo de benéfico, também, é a continuidade do treinador Ulisses Morais, que assim mantém o mesmo modelo de jogo. Para além disso, a Naval foi buscar aquela que poderá ser a estrela da equipa e que espera que seja o homem-golo – Bolívia – tendo-se tornado na aquisição mais cara do clube. O ponto mais fraco da equipa será as laterais. Mas ainda é tempo de remendar, e se forem melhoradas, a Naval será certamente uma equipa competitiva.


P. FERREIRA: Depois de tanto se discutir as conclusões do caso Apito Final, o P. Ferreira acabou por se manter na 1ª Liga, em detrimento do Boavista. Para esta nova época, o Paços quis quebrar com o passado, deixando cair o treinador José Mota, tão querido em tempos, e dando a batuta a Paulo Sérgio, novo nestas andanças e com novas filosofias para implementar. De um 4x3x3, o Paços de Ferreira, tudo o indica, passará a jogar num 4x4x2. Com esta ruptura, era previsível que houvesse muitas mexidas no plantel. No entanto, isso não se verificou e a grande maioria dos jogadores da época passada mantiveram-se. Muitos desses jogadores já conhecedores da filosofia das gentes da Capital do Móvel. Batalhadores e com grande capacidade de sofrimento. O único sector mais vulnerável da equipa será a linha avançada, já que o Paços não tem, além de William Arthur, um ponta-de-lança com capacidade de finalização. O resto da equipa parece ser equilibrada. O objectivo para a nova época é melhor o 15º lugar, da época anterior, ou seja, não descer.


RIO AVE: O recém-promovido Rio Ave faz parte do clube de equipas que manteve a sua estrutura técnica e boa parte do anterior plantel. No entanto, no caso da equipa de Vila do Conde, este mesmo plantel vem da Liga Vitalis e é o mesmo que desceu de divisão, da última vez que o Rio Ave esteve na liga mais importante do futebol português. A acrescentar a este facto, há a ter em conta o facto de uma boa parte dos jogadores serem veteranos em final de carreira. Será que as pernas ainda aguentam uma época longa e difícil como é a Liga Sagres? Além disso, o Rio Ave parece não resistir à pressão nos momentos decisivos, tal como já o demonstrou nas épocas anteriores. Algo que o treinador deve mudar, se ele próprio conseguir resistir. Em contraponto à veterania, o Rio Ave conseguiu o empréstimo de um dos jogadores mais promissores das camadas jovens do Benfica – André Carvalhas. O extremo esquerdo vai, pela primeira vez, estrear-se na primeira divisão e poderá demonstrar todo o seu futebol. Baixo, veloz e com grande técnica, André Carvalhas tem parecenças com Simão Sabrosa. Poderá ser o tom de irreverência que os vila-condenses precisam para alcançar a manutenção.


SP. BRAGA: Depois da saída de Jesualdo Ferreira, o Sp. Braga nunca mais foi o mesmo, oferecendo aos seus adeptos épocas muito irregulares. Nesta nova época, António Salvador, presidente do Sp. Braga, voltou a apostar forte, para ver o seu clube, de novo, no top do futebol português. Desde logo, foi buscar Carlos Freitas ao Sporting para o cargo de director-desportivo. Depois, apostou num dos treinadores do momento – Jorge Jesus – que sempre por onde passou deixou trabalho feito e bom futebol. Após o treinador foi necessário criar uma equipa competitiva. O Sp. Braga contratou muito para todos os sectores, sendo o meio-campo o que menos mudou. Na baliza, a entrada de Eduardo, que foi estrela no V. Setúbal da época passada, parece quase normal, já que traz mais segurança do que Dani Mallo, Kieszek ou, mesmo, Paulo Santos, em final de carreira. Mas a principal aposta do Sp. Braga foi a frente de ataque. Mossoró, Jorginho, Alan, Wender, Matheus, Linz, Paulo César, Meyong e Rentería, para além de serem, várias soluções, são todas de qualidade. Não será por aqui que o Sp. Braga vai falhar. Os minhotos têm, a seguir aos “três grandes”, o melhor plantel da Liga Sagres. Parece, portanto, que as dores de cabeça de Jorge Jesus serão muito boas. O sector da defesa será, talvez, o mais instável, já que foi aqui que maior revolução se verificou. Mas este Sp. Braga respira saúde.


SPORTING: Com o FC Porto, o Sporting é o grande candidato ao título. Com uma estrutura (directiva, técnica e mesmo em termos de infra-estruturas) completamente estabilizada, o Sporting manteve a maioria do seu plantel, fazendo contratações cirúrgicas. Se na época passada, o Sporting tanto se queixou de ter poucas soluções de qualidade, esta época, os leões têm-nas e com fartura.

Na baliza, os leões têm Rui Patrício que será o titular. Como segundas opções terão o veterano Tiago e o recém-chegado Ricardo Batista. Para além disso, Stojkovic ainda se mantém no plantel, mesmo não fazendo, à partida, parte das opções de Paulo Bento. É uma pena, já que é, sem dúvida, o melhor guarda-redes do plantel.

Na defesa, o Sporting tem para a lateral direita Abel e Pedro Silva, tendo, este último, pouca qualidade para poder jogar. Do lado esquerdo, os leões conseguiram manter Grimi, que traz alguma tranquilidade a este lado, para além de terem Ronny, que, tal como Pedro Silva, não parece ter qualidade para estar neste plantel. No centro da defesa, os leões conseguiram manter a dupla titular da época passada, Polga e Tonel. As outras opções para a central são Daniel Carriço, das camadas jovens do clube e que ainda é bastante jovem e não terá, à partida, muitas hipóteses de poder jogar, e Caneira contratado ao Valência, jogador que já tinha passado pelo clube e que pode fazer todos os lugares da defesa.

No meio-campo, o Sporting conseguiu manter os jovens Miguel Veloso e o influente João Moutinho, que já demonstrou querer sair do clube. Além destes, Romagnoli, Vukcevic e Izmailov (que o Sporting comprou) são importantes para a equipa. Os jovens Adrien Silva e Pereirinha também já demonstraram terem qualidades para entrar no plantel e mesmo serem opções válidas. A novidade neste sector é a entrada de Rochemback que, tal como Caneira, já conhece o clube e vem trazer qualidade ao plantel. Rochemback, mesmo não sendo o mesmo jogador do que da primeira vez que passou por Alvalade (menos rápido, já está acima dos trinta anos), poderá trazer maturidade à equipa.

Por fim, a frente de ataque também é a mesma, com Derlei, Liedson, Djaló e Rodrigo Tiuí. A única novidade é Hélder Postiga, que quererá relançar a carreira e confirmar as suas qualidades. Mas terá ele oportunidades? De todas as contratações será a menos valiosa.

Em conclusão, o plantel parece equilibrado, sendo as segundas opções das laterais os jogadores mais fracos. Além disso, a aposta de Paulo Bento num único sistema de jogo poderá dar algumas complicações aos leões, nomeadamente nas competições europeias. Mas a nível interno, o Sporting é, sem dúvida, candidato.


TROFENSE: Pela primeira vez no escalão máximo do futebol português, o Trofense vai ter muito trabalho pela frente para conseguir manter-se na Liga Sagres. Com um forte investimento no plantel comandado por António Conceição, o Trofense apresenta vários jogadores experientes na primeira divisão. Desde logo na defesa que é o sector mais coeso da equipa. No entanto, a pré-época demonstrou pouca capacidade de finalização. Algo que o treinador terá que contrariar. A formação da Trofa aposta muito nesta época, de forma a puder manter-se ao mais alto nível. Mas terá vida difícil.


V. GUIMARÃES: Para os lados da cidade-berço, o Vitória terá a complicada tarefa de não desiludir, depois de uma época fantástica e histórica. Manuel Cajuda quererá, sem dúvida, subir a parada e manter o Vitória no topo, mas não será nada fácil. Em primeiro lugar, a participação do Vitória na pré-eliminatória da Liga dos Campeões ditou um jogo com a equipa suíça do Basileia, que tem mais experiência na liga milionária. O V. Guimarães encara a nova época com algumas saídas importantes que foram colmatadas. Alan, Geromel, Ghilas e Mrdakovic eram peças essenciais no onze do Vitória. Veremos se as contratações iram fazer esquecer estes jogadores. Manuel Cajuda mantém a sua filosofia de não querer grandes estrelas no seu plantel, apostando mais numa equipa forte pelo seu colectivo, imagem de marca da época passada. Dos jogadores que entraram, destacaria Wénio, que veio do Marítimo, e Nuno Assis, tão mal aproveitado pelo Benfica. Mas o Vitória tem algo de muito importante a seu favor e que muitos clubes gostariam de ter, incluindo dos grandes – a sua massa associativa.


V. SETÚBAL: Tal como o Vitória de Guimarães, o Vitória de Setúbal foi surpreendente na época passada, alcançando o 6º lugar e ganhando a recém-criada Taça da Liga, de forma justíssima. Para tal sucesso, o V. Setúbal teve como comandante um treinador muito competente – Carlos Carvalhal – que entretanto deixou o clube para rumar à Grécia. Assim, os dirigentes dos sadinos optaram por Daúto Faquirá, vindo do E. Amadora e com algumas parecenças com Carvalhal e, também ele, habituado a dirigir equipas com dificuldades financeiras. Faquirá tem pela frente o seu maior desafio e não terá tarefa fácil, já que tem a pressão em não fazer menos, ou muito menos, do que fez na época passada. A favor do treinador está o facto do plantel ser praticamente o mesmo da época passada, sendo que os jogadores que entraram são de qualidade, com destaque para Bruno Moraes, Leandro Lima, Bruno Vale e Bruno Gama. Faquirá também terá a tarefa de não deixar a situação financeira do clube entrar dentro do balneário. Mas este Vitória promete.


Assim, a Liga Sagres promete ser mais competitiva do que na época passada e, mais uma vez, cheia de emoções. Agora, que a bola comece a rolar…

08 julho 2008

Já não era sem tempo


Um ciclo terminou na Selecção Nacional de Futebol. A era Luiz Filipe Scolari terminou e o balanço não me parece ter sido o melhor. Quem me conhece saberá o quanto desejava esta saída. Ao contrário da grande maioria dos portugueses, o Sr. Scolari nunca me entusiasmou e nunca me levou a colocar a bandeira de Portugal na janela, nem mesmo, o cachecol ao pescoço. Durante cinco anos, estive de costas voltadas para uma selecção na qual eu nunca me revi. (Não apoiar a Selecção Nacional não é, ao contrário daquilo que muitos pensam, ir contra a Pátria. Estamos a falar de futebol, não do país e sua soberania.) Foram demasiadas as trapalhadas, os erros e as birras do Sargentão. E os resultados? Com a saída do brasileiro, a maioria do País considerou que este seleccionador fez história pelo seu percurso na nossa Selecção, ao elevá-la a um nível onde nunca tinha chegado. Não posso concordar.

O nível a que o Sr. Scolari pôs a Selecção é o mesmo nível em que ela já estava antes dele chegar. A Selecção Portuguesa já tinha reconhecimento internacional antes da era Scolari. Luiz Filipe Scolari chegou com a performance do Mundial da Coreia e do Japão ainda no pensamento de todos nós. É verdade que essa prestação foi uma catástrofe, mas estivemos lá. Quantas presenças tem Portugal em Mundiais ou Europeus? (Mundiais: 4 (países como o México: 13; Bélgica e Suécia: 11; Estados Unidos e Suíça: 8 têm mais presenças do que Portugal, que está na 29ª posição, dos países com mais presenças, em igualdade com Colômbia, Marrocos, Perú, Tunísia e Arábia Saudita)) (Europeus: 5 (com a Dinamarca à frente com 7 e em igualdade com a Antiga União Soviética, Jugoslávia, República Federal Alemã (países que já nem existem) e a “nova” Alemanha) E se essa campanha do Mundial 2002 foi considerada uma catástrofe é porque a nossa Selecção já tinha algum renome internacional. A Selecção participou no Europeu inglês em 1996, chegando aos quartos-de-final (tal como o Euro que terminou há poucos dias). Depois teve azar na qualificação para o Mundial de França, em 1998. Em 2000, a Selecção (para mim, a melhor equipa que Portugal já teve em competições internacionais) participou no Europeu, na Bélgica e na Holanda, chegando às meias-finais, sendo eliminada pela, na altura, toda poderosa França (campeã mundial e futura campeã europeia). Não quero retirar mérito ao Sr.Scolari, mas ele não conseguiu elevar mais o nível da Selecção, este nível já tinha sido atingido.

A era Scolari começou com o Euro 2004, jogado em casa. A primeira derrota na competição, veio demonstrar a casmurrice do Sargentão, que andou vários meses a colocar uma equipa, quando estava à vista de toda a gente que ele tinha o esqueleto da equipa do FC Porto (campeã da Europa) à disposição. Isto, para não falar da não convocação ou pelo menos explicação para essa não convocação, daquele que considero o último guarda-redes português de nível mundial, Vítor Baía (campeão da Europa com o FC Porto e tendo realizado uma excelente época). Portugal chegou à final, com uma equipa construída pelo treinador do FC Porto, perdendo, em casa, com a Grécia. E repito, em casa!

Outras questões como a dos sub-21, em que o Sr. Scolari veio, a poucos dias do começo do Europeu da categoria, organizado em Portugal, dizer que era ele o “patrão” dos sub-21, fragilizando a posição do então treinador daquela equipa, Agostinho Oliveira. Eu pergunto-me, se ele alguma vez olhou para as selecções mais jovens.

A questão da escolha do Ricardo e a teimosia de colocá-lo sempre a jogar, mesmo quando este não se apresentava nas melhores condições. Esta teimosia, custou a Portugal, a vitória no Euro 2004 (para mim, o Ricardo tem a sua quota-parte de culpa no lance do golo da Grécia, na final do Euro 2004) e a passagem às meias-finais do último Euro, na Suíça e na Áustria. Pena é que, enquanto jogou em Portugal, não se podia dizer mal do Ricardo porque tínhamos, desde logo, os sportinguistas a contrapor com o argumento de que, só se dizia mal do Ricardo por ele ser do Sporting. Até então, ele era o herói nacional… até defendia penáltis sem luvas!

Outras questões ficaram muito mal explicadas. Neste Euro, a questão de não querer os jogadores a negociar possíveis transferências enquanto estavam na Selecção, quando ele próprio estava a negociar com o Chelsea. Ou mesmo, a total liberdade que deu após o jogo com a Rep. Checa. Lamentável.

Foram demasiadas as trapalhadas e não quero estar a sacrificar o Sr. Scolari. Não foi tudo mau, como é óbvio. O Sr. Scolari trouxe organização à Selecção Nacional. Para além disso, o Sr. Scolari conseguiu que a população voltasse a torcer pela Selecção, com tudo aquilo que tem de bom e de mau. (Como referi, no início do texto, quem apoiava a Selecção era o “bom português”, quem não apoiava era “mau português”, para não falar das “parolas” conferências de imprensa com cantores “pimba” ou do mau trabalho dos jornalistas portugueses, durante as fases finais dos Euros e do Mundial, que retiraram a sua camisola de jornalistas para vestir a de Portugal (isto é que são jornalistas)).

Concluindo, o Sr. Scolari foi contratado para ganhar (não nos podemos esquecer, que ele veio como Campeão do Mundo, com um ordenado bem chorudo) e falhou. Não conseguiu elevar, mais do que estava, o prestígio da Selecção. E mais, com esta contratação (de Scolari), foi colocado em perigo o futuro das Selecções Nacionais, já que como referi anteriormente, o Sr. Scolari veio para treinar a Selecção A, nunca dando muita importância às selecções jovens. Para além disso, nem sempre foram convocados os melhores, nem me lembro sequer de ele ter observado jogos (tirando as finais da Taça de Portugal, em que ele era convidado), para poder ver os jogadores em acção.

O Sr. Scolari é um treinador médio, tem como principais pontos em seu favor, a motivação dos jogadores e a criação da união de grupo. No entanto, no que toca à questão táctica, o Sr. Scolari é um fracasso. Agora, só espero para vê-lo a treinar em Inglaterra e a lidar com os jornalistas ingleses (ele que tanto se queixava dos portugueses).



PS: o Sr. Scolari teve, durante todo o tempo em que permaneceu em Portugal, toda a liberdade para fazer o que queria. Várias situações, algumas referidas por mim nas linhas anteriores, poderiam ter sido evitadas, se a Federação Portuguesa de Futebol tivesse à sua frente um Presidente que se conseguisse impor. Nunca ficou bem claro, quem realmente mandava em quem (Madaíl em Scolari ou Scolari em Madaíl).

Se me permitem, deixo já a minha preferência para o novo seleccionador. Terá defeitos como todos nós, mas, se Portugal teve uma Selecção competitiva, nos últimos 10-15 anos, deve-se a uma pessoa – Carlos Queiróz.

02 julho 2008

Euro 2008: Y vive Espanha!


Futebol espectáculo, de qualidade, privilegiando a troca da bola, assim se pode traduzir a forma de jogar da equipa que venceu o Campeonato da Europa de Futebol, que terminou no passado domingo 29. Reinou o futebol de ataque. Para todos os amantes deste tipo de futebol, como eu, foi uma grande vitória, pondo fim, às vitórias de equipas mais cínicas, como a Grécia, no Euro 2004, e a Itália, no Mundial 2006. A equipa espanhola demonstrou que o futebol se ganha pelo seu colectivo, e não pelo número de estrelas que uma equipa possui. Além disso, a Espanha também demonstrou a importância que tem o meio-campo de qualquer equipa de futebol. Mesmo não tendo uma defesa de grande qualidade (à excepção de Sérgio Ramos), e com um ataque, por vezes, com um único avançado, o meio-campo é (no futebol)/foi (na Espanha) o sector crucial, tanto a atacar, como a defender. Com um leque de jogadores de altíssimo nível, tanto no campo como no banco, os espanhóis levaram a taça 44 anos depois. Uma surpresa para mim, confesso.


No que toca ao balanço deste Europeu, destacaria pela positiva e pela negativa, respectivamente:


1) Aposta ganha do futebol espectáculo/ofensivo (Espanha, Holanda, Croácia, Portugal, etc. …);
2) Emoção e grandes golos;
3) Estádios cheios com paisagens em fundo deslumbrantes;
4) Imagens aéreas dando uma nova perspectiva do jogo – câmara “aranha” deve continuar;


5) Lesões, várias delas graves – talvez seja necessário rever a calendarização de todo o futebol e o respectivo número de jogos;
6) Organização deixou um muito a desejar. Os Fan Park foram, na sua maioria, instalados nos arredores das cidades, de forma a não incomodar a rotina dos locais, que pouco se envolveram na festa (é o preço a pagar por dar a organização a países onde o futebol tem pouco expressão);
7) Condições climatéricas – tendo passado parte da minha infância e adolescência na Suíça, não me recordo de mudanças climatéricas tão radicais, no espaço de um único dia – efeitos do aquecimento global.

No que toca a equipas e jogadores, o balanço é:


1) Espanha, Holanda, Rússia, Croácia e Turquia.
2) Senna, Xavi e David Silva (Espanha), Sneijder e Engelaar (Holanda), Pepe e Deco (Portugal), Modric (Croácia), Arshavin e Pavlyuchenko (Rússia), Ballack (Alemanha).


3) Rep. Checa, França, Itália e Suécia.
4) Luca Toni (Itália), Patrick Vieira e Henry (França), Cristiano Ronaldo (Portugal).

24 junho 2008

Euro 2008: Viena, aqui vamos nós!


Poucos poderiam prever aquilo a que todos nós assistimos durante os quartos-de-final. O Euro 2008 está mesmo aí e as grandes emoções começaram agora, como já tinha referido no post anterior. Quatro jogos, um único decidido durante os noventa minutos e dois com necessidade de irem às grandes penalidades. Aquilo que o Euro não teve durante a primeira fase, guardou para os quartos-de-final. Que continue assim até à grande final de Viena.

Os quartos-de-final foram, como já referi anteriormente, cheios de emoção, equilíbrio e muitas surpresas. Para quem leu os posts anteriores, constatará a minha total desinspiração para os prognósticos dos vencedores dos quartos-de-final.

Tirando os jogos entre Portugal e a Alemanha (único jogo que acertei) (nas minhas previsões iniciais, tinham apontado este jogo para as meias-finais. Infelizmente, aconteceu mais cedo e a eliminação de Portugal veio a consumar-se) e Espanha com a Itália (meia-surpresa, devido ao estatuto da Itália de campeã do mundo, já que em termos de jogo, a Itália já tinha demonstrado na primeira fase que não estava num bom momento), onde se previa um grande equilíbrio e onde qualquer das equipas poderia passar para as meias-finais, nos outros dois jogos, teoricamente, havia um maior favoritismo de uma das equipas.

Assim, a eliminação da Croácia pela Turquia, depois de grandes penalidades foi a primeira surpresa. A Croácia até demonstrou melhor futebol ao longo do jogo, mas a estrelinha da sorte voltou a estar do lado turco. Até quando…

A outra grande (enorme) surpresa foi a eliminação da super favorita Holanda, pela surpreendente Rússia. Esta demonstrou ao longo dos 120 minutos do jogo, ser melhor equipa. Pela primeira vez, a Rússia passou uma fase de grupos e, já é, a equipa revelação da prova. Por seu lado, a Holanda, que foi demolidora na primeira fase, caiu, sem glória.

Como curiosidade, tirando a Espanha, as equipas que se qualificaram mais cedo para os quartos-de-final (que tiveram a oportunidade de fazer descansar os principais titulares no último jogo do grupo) foram eliminadas. Dá que pensar sobre fazer ou não descansar os principais jogadores. Por outro lado, das quatro equipas que ficaram pelo caminho, três apresentavam um futebol mais espectacular, virado para o ataque (Portugal, Croácia e Holanda). Dass outras quatro, sobram Rússia e Espanha com as mesmas características, sendo que, a Alemanha estará no meio-termo e a Turquia é a equipa menos atractiva. Não podemos esquecer o exemplo da Grécia, em 2004…

Tendo em conta as equipas que tinha apontado, no início da competição, como as minhas favoritas para ganhar o Euro 2008, só sobra a Alemanha (as outras eram a Holanda e a Itália). Desta forma, a minha previsão para a final é:
ALEMANHA vs. ESPANHA

18 junho 2008

Euro 2008: Agora é que é!


Com o fim da primeira fase do Euro 2008 começam os quartos-de-final, para muitos, o verdadeiro início da prova. Agora são oito, as equipas, que vão lutar para chegar a Viena e conquistar a taça.

Depois de ter começado um pouco morno, o Europeu da Suíça e da Áustria acabou por trazer-nos muito espectáculo e golos para todos os gostos. Das minhas previsões, seis equipas (em oito) passaram aos quartos-de-final.

No Grupo A passaram Portugal e Turquia. As minhas previsões recaíam para Portugal e Rep. Checa. No entanto, esta última foi, para mim, uma grande decepção. Estando a passar por uma etapa de transição (de uma geração que se despede para uma nova geração (para além de não ter apresentada dois dos seus melhores jogadores (Nedved e Rosicky))), a Rep. Checa demonstrou, sempre, alguma falta de inspiração e o seu afastamento foi confirmado num magnífico jogo, contra a Turquia, perdendo por 2-3, depois de estar a ganhar 2-0. Quanto à Turquia, depois de ter começado o Euro com uma derrota com Portugal, deu a (revira)volta contra a Suíça e a Rep. Checa. Uma equipa sempre a ter em conta. A Suíça, que demonstrou um futebol agradável, não teve argumentos para superar os outros três. No entanto, ficam dois jovens jogadores a observar no futuro – Ilner e G. Fernandes.

No Grupo B, nada de surpreendente. A Alemanha e a Croácia qualificaram-se e demonstraram que eram as duas melhores equipas do grupo. A única surpresa foi talvez o primeiro lugar da Croácia. Uma excelente equipa, com alguns jogadores muito interessantes (Modric, Srna, …). A Alemanha esteve uns furos abaixo daquilo que estamos habituados, no entanto, é, sempre, um dos maiores candidatos à vitória final. Áustria e Polónia não tiveram quaisquer hipóteses.

No Grupo C, o grupo mais difícil, as minhas previsões confirmaram-se. Holanda, a melhor equipa da primeira fase, com um grupo de jogadores impressionante (Sneijder, Engelaar, Robben, Van Persie, …), e a Itália, com alguma dificuldade, passaram aos quartos. São duas equipas candidatas à vitória final. Uma, pelo futebol que demonstrou e também pela qualidade dos seus jogadores (alguns jovens vindos das selecções sub-21 que se sagraram campeões europeus em 2006 e 2007). A única imprevisibilidade foi a ordem dos dois primeiros lugares. A Roménia começou por fazer a vida difícil a França e Itália. No entanto, jogando a última jornada com a Holanda e lutando pela sua qualificação à próximo fase, a Roménia não foi capaz de ganhar. Quanto à França, não foi surpresa. Depois da saída do seu melhor jogador (para mim, um dos melhores jogadores de sempre), Zinedine Zidane, a França fica marcada pelo fim de um ciclo de ouro. Renovação à vista, começando pelo seu patético e irritante seleccionador, com as suas opções algo incompreensíveis.

No Grupo D, a Espanha qualificou-se de uma forma mais tranquila do que eu pensava. Com uma selecção muito forte do meio-campo para a frente, demonstrou um bom futebol e alguns jogadores interessantes (os eternos Villa e Torres, mas especialmente, o Silva). A outra selecção apurada foi a Rússia (a segunda equipa que eu não acertei, para a passagem aos quartos-de-final). Foi, talvez, com a Croácia, a equipa que mais impressionou. Jogadores como Pavlyuchenko ou Arshavin mereciam continuar a espalhar o seu talento pelos relvados do centro da Europa. A Suécia surpreendeu-me pela negativa. Fica o magnífico golo de Ibrahimovic, no primeiro jogo, contra a Grécia. Esta última, tal como o seu treinador referiu, conseguiu uma surpresa (ao ganhar o Euro 2004) que só se realiza de 30 em 30 anos.

Este Europeu tem ficado marcado pelo futebol espectáculo e virado para o ataque. Holanda, Portugal, Croácia e Espanha são as equipas mais espectaculares. De todos os qualificados para os quartos-de-final, só a Itália é que não terá um futebol tão agradável. Para quem gosta deste tipo futebol, agradece.

Assim, e tendo em conta os quartos-de-final, as minhas previsões para as meias-finais são:

ALEMANHA vs. CROÁCIA

HOLANDA vs. ITÁLIA

Euro 2008: Os melhores golos da fase de grupos

07 junho 2008

Euro 2008: Prognósticos


De quatro em quatro anos, a Europa pára para assistir àquela que será a maior competição de futebol, a seguir ao Campeonato do Mundo. Terminadas as competições nos respectivos países, os melhores jogadores das selecções em prova reúnem-se para preparar o Campeonato da Europa de Futebol. Montam-se estratégias, fazem-se os últimos retoques, tenta-se recuperar a forma física e mental dos jogadores que acumularam, muitos deles, alguns milhares de minutos nas pernas durante a temporada. A festa do futebol está prestes a começar.

Depois de Portugal, o Europeu de futebol instalou-se, de malas e bagagens, no centro da Europa, mais concretamente na Suíça e na Áustria. Países com poucas tradições no futebol europeu e mundial, a Suíça e a Áustria não são países onde o futebol seja o desporto-rei, já que têm maiores tradições nos desportos de Inverno.

A poucas horas da bola começar a rolar, aqui faço o exercício, sempre difícil, de deixar os meus prognósticos.

No que toca ao grupo A (grupo de Portugal), as equipas, teoricamente, mais fortes serão Portugal e a República Checa (que eu gostava que ganhasse o Euro). No entanto, não creio que este grupo seja fácil para estas duas equipas, já que a Turquia, com uma equipa bastante jovem, é sempre uma equipa perigosa. Quanto à Suíça, há a ter em conta o facto de jogar em casa, factor sempre muito importante neste tipo de competição.

No grupo B, a Alemanha é a grande favorita do grupo. Com uma equipa renovada e em crescendo nas últimas competições, a Alemanha é, como sempre, candidata à vitória final. Posto isto, a segunda vaga para os quartos de final vão ter como protagonistas a Croácia e a Polónia. No entanto, entre as duas equipas parece-me que a Croácia poderá levar a melhor sobre a Polónia. Quanto à última equipa do grupo, a Áustria, não creio que tenha argumentos para se intrometer com as três primeiras.

De seguida, aquele que é considerado, por muitos, como o “grupo da morte”. Itália, França (a Selecção que eu mais gosto, a seguir a Portugal), Holanda e Roménia. À partida, a passagem aos quartos de final irá jogar-se entre as três primeiras. No entanto, acho que a Roménia poderá criar algumas surpresas. Quanto à França, não acredito que passe a fase de grupos. Assim sendo, Holanda e Itália são as minhas apostas para ultrapassar esta fase.

Por fim, aquele que eu considero o grupo mais fraco do Europeu. Espanha, Suécia, Rússia e Grécia. A principal equipa a passar à fase seguinte é a Espanha, que deverá com alguma dificuldade passar aos quartos de final. Para ficar com a segunda vaga, a minha favorita é a Suécia. No entanto, não será muito difícil ver a Grécia passar aos quartos de final. A Rússia, por sua vez, deverá ficar pelo caminho.

Assim sendo, os quartos de final serão:

Portugal vs. Croácia
Alemanha vs. República Checa
Itália vs. Suécia
Espanha vs. Holanda


Meias-finais:

Portugal vs. Alemanha
Itália vs. Holanda


Final:

Alemanha vs. Holanda


Aqui ficam os meus prognósticos, sendo que não me espantaria se a Alemanha chegasse à final. O título europeu deve jogar-se entre estas três equipas. São, pelo menos, as Selecções que considero com mais possibilidades de vencer. Por outro lado, não vejo a Espanha ou Portugal chegarem mais longe. No caso de Portugal, os meus prognósticos são até bastante optimistas. No entanto, são feitos tendo em conta que Portugal ganhe o seu grupo e, no grupo B, a Alemanha fique em primeiro.

Que a bola comece a rolar…


P.S.: Estes são os meus prognósticos (e não preferências). A ordem dos jogos poderá ser diferente, dependendo das classificações na fase de grupos.

24 maio 2008

Tempo de balanço


Mais uma época chegou ao fim, cheia de acontecimentos marcantes, recordes batidos e, como sempre, muitas controvérsias. Com um vencedor encontrado desde muito cedo, a Liga Bwin 2007/2008 teve muita emoção, até ao fim, no que toca à luta pelos lugares europeus. No entanto, o campeonato, agora findo, não se jogou unicamente dentro das quatro linhas, já que, também, ficou marcado pelos processos “Apito Final” e a questão, cada vez mais frequente no nosso futebol, dos salários em atraso.

O F.C. Porto foi, sem qualquer dúvida, a melhor equipa do campeonato. Desde muito cedo começou a criar uma diferença pontual muito grande em relação aos seus adversários mais directos pela luta do título, acabando com uma diferença pontual (sem os seis pontos que lhe foram retirados devido ao processo “Apito Final”) de 20 pontos! Há muito tempo que não se via uma diferença tão grande entre o campeão e o segundo lugar. Este F.C. Porto demolidor deveu-se (para além da excelente organização e estabilidade internas) à manutenção da sua equipa, do ano anterior. Analisando o onze base do F.C. Porto podemos concluir que Jesualdo Ferreira pouco ou nada mudou, em relação à época transacta. As excepções foram Tarik Sektioui e Ernesto Farías (e por momentos, Mariano Gonzalez). Foi uma aposta ganha por parte de Jesualdo Ferreira. A grande mágoa portista prendeu-se com a carreira europeia, eliminado pelo “modesto” Schalke 04 nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Para os lados de Lisboa, os dois maiores clubes da cidade fizeram uma época decepcionante, tendo o Sporting, no entanto, mais razões para sorrir. Com um plantel bastante curto, em termos de quantidade/qualidade, o Sporting desta época teve grandes contrastes. Entre grandes exibições e jogos “paupérrimos”, Paulo Bento foi obrigado a utilizar, praticamente sempre, o mesmo onze. Jogadores como João Moutinho, Tonel ou Liedson acumularam inúmeros minutos entre as quatro competições em que o Sporting participou (Campeonato, Liga dos Campeões/Taça UEFA, Taça da Liga e Taça de Portugal). Mesmo com um plantel tão curto, os leões conseguiram alcançar o segundo lugar, vencer a Taça de Portugal, chegar à final da Taça da Liga e aos quartos-de-final da Taça UEFA, sendo eliminado pelo Glasgow Rangers.

Do outro lado da Segunda Circular, o Benfica fez uma das suas piores épocas de sempre. Tendo investido qualquer coisa como 30 a 35 milhões de euros em reforços, os encarnados demonstraram que o dinheiro não paga a felicidade, nem cria grandes equipas. Sem um projecto concreto e devido à constante instabilidade do clube, o Benfica teve três treinadores, sendo que o primeiro foi despedido, logo, à primeira jornada?! Sempre mais preocupados com questões externas ao clube, os encarnados passaram completamente ao lado das competições em que participaram. O jogador que mais se destacou foi, sem dúvida, o “veterano” Rui Costa, que em final de carreira demonstrou toda a sua qualidade. Para além do Rui Costa, há a destacar também o guardião Quim que, por muitas vezes, evitou o pior.

Se os grandes de Lisboa desiludiram, os Vitórias foram as grandes revelações desta época. Com orçamentos muito baixos, conseguiram construir as suas equipas e torná-las muito competitivas. O de Guimarães conseguiu chegar ao terceiro lugar, qualificando-se pela primeira vez para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, dando, os seus adeptos, um grande exemplo de apoio ímpar à sua equipa. Quanto ao Vitória de Setúbal, demonstrou também bom futebol alcançando o sexto lugar da Liga Bwin e vencendo a recém-criada Taça da Liga. Os dois Vitórias contribuíram, em muito, para a presença de mais público nos estádios. Os dois clubes (um, vindo da Liga de Honra, outro, com graves problemas financeiros) deram um grande exemplo ao futebol. O espectáculo agradece.

A época ficou ainda marcada pelos casos extra relvado. Desde o processo “Apito Final” até aos salários em atraso (cada vez mais frequentes no nosso futebol) foram inúmeros os casos que ensombraram, uma vez mais, o futebol português.

Para além disso, e em tom de nota final, gostaria, também, de realçar o facto da Taça da Liga e a de Portugal não terem tido grande sucesso. Explico-me. No que toca à nova competição (Taça da Liga) será necessário que a Liga de Clubes repense o formato da prova, para que os maiores clubes tenham vontade de disputá-la. Para além do formato, os prémios também deverão ser revistos. Num país como o nosso, não será, de todo, fácil, mas é necessário que esses clubes, ditos maiores (não estou só a falar dos três grandes, mas principalmente) cheguem longe na prova, já que são eles que poderão dar maior ou menor relevância e mediatismo à competição. Quanto à Taça de Portugal, a ideia é a mesma, sendo que neste caso, realçaria o facto de não concordar, há muito tempo, com o facto da final se realizar no Estádio do Jamor. Para além de representar uma época negra para o País, o Estádio não oferece as condições necessárias (conforto, segurança, etc.) para acolher uma final. Com tantos estádios no País, construídos para o Euro 2004 e, em certos casos, com as suas equipas a jogarem nas divisões secundárias, porque não realizar a final da Taça noutro local. Casos como o estádio de Aveiro, Leiria, Algarve, Coimbra que passam a temporada inteira vazios (tirando o de Coimbra) poderiam perfeitamente acolher a final. Além disso, são cidades que já demonstraram (especialmente nos casos de Aveiro e Leiria) não terem uma grande tradição em irem aos estádios e verem bons jogos de futebol. Seria bom pensar urgentemente nesta duas competições, para que não sejam, cada vez mais, relegadas para segundo plano.

12 maio 2008

Até sempre... "Maestro"!

A nossa vida é marcada por acontecimentos e personalidades que, por uma razão ou por outra, nos marcam e simbolizam um pouco daquilo que nós somos. A noite de ontem ficou marcada pela despedida de um dos melhores jogadores do futebol português. Um desses Homens que marcaram e influenciaram várias gerações pela qualidade profissionais e pessoais. O Estádio da Luz viu partir um dos seus meninos de ouro e o futebol perdeu o “último dos maestros”.

Rui Manuel César Costa ficará na história do futebol pelo seu génio. Por onde passou, deixou marcas e espalhou magia. Da Damaia (onde nasceu) a Florença, passando por Milão, todos os amantes do futebol se renderam à classe deste jogador. Pisou os grandes palcos do mundo e dirigiu, como só ele sabe, os melhores jogadores de futebol, não fosse ele, também, um dos melhores.

A sua grande paixão foi e é o “seu” Benfica, clube que o viu crescer desde os dez anos. Nunca escondeu o grande amor pelos “encarnados”, tendo protagonizado um episódio pouco vulgar – ter chorado, depois de marcar um golo pela Fiorentina, ao seu clube do coração. Regressou há dois anos, para terminar a sua fantástica carreira “no seu estádio e no meio da sua gente”. No dia do adeus, o Estádio da Luz encheu e voltou a viver-se o famoso inferno da Luz, como há muito não se via.
Ontem, a nação do futebol ficou um pouco mais triste.

Obrigado e até sempre… “Maestro”!





10 maio 2008

Quais eleições?!


É mais que sabido (foi tema do meu post anterior) que em época de eleições, os governantes alargam mais o cinto para realizar as políticas mais populares, para serem reeleitos (como descidas de impostos ou obras públicas).

No entanto, nas últimas semanas, a cidade de Viseu, uma das cidades, do Interior do país, mais desenvolvidas e que maior crescimento urbanístico teve nos últimos 15-20 anos, foi “virada de pernas para o ar” e embelezada para receber o estágio da Selecção Nacional de Futebol, com vista à preparação do Euro 2008. Durante duas semanas, a cidade vai estar no centro do Portugal futebolístico, isto é, vai ser vista por todos os portugueses, em todos os telejornais, em constantes directos.

Desta forma, a cidade de Viseu entrou, há algumas semanas para cá, num autêntico frenesim de obras, para este acontecimento único. Se em relação aos melhoramentos das infra-estruturas do estádio do Fontelo concordo, no que toca à criação/melhoramento de vários quilómetros de passeios, um pouco por toda a cidade ou, ainda, a requalificação de algumas das vias em redor e dentro da cidade, dão que pensar. Não que eu me oponha a isso, bem pelo contrário. Em muitos dos casos eram obras que já deveriam ter sido realizadas há muito tempo. Aí, é que está a questão. Pensava que não era necessário vir a Selecção Nacional para essas obras serem realizadas. A vinda da equipa das quinas é, sem dúvida nenhuma, muito benéfica para toda a região, já que vai trazer muita gente durante estas duas semanas, para além, de promover a cidade e dinamizar a economia local. No entanto, é com alguma tristeza que vejo a real importância dos cidadãos, que realmente utilizam, todos os dias, essas vias.

Não vejo outra maneira, senão, promover uma volta a Portugal da Selecção. Talvez muitas estradas, por este país fora, sejam requalificadas…

04 abril 2008

Eleições à vista



É sintomático que em vésperas de eleições, os governantes coloquem em prática as medidas que mais agradam aos seus eleitores. Seja em Portugal, no Japão ou na Argentina, acaba por ser um princípio básico do Marketing Político. Descidas de impostos, obras e mais obras, faz-se de tudo para que naquele, curto, espaço de tempo, os eleitores esqueçam tudo o que se fez de mau durante o resto de legislatura.

A um ano das eleições legislativas e autárquicas no nosso país, constata-se um certo apaziguamento das políticas mais sensíveis do Governo Sócrates. Com o fim da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a 31 de Dezembro último, que o Governo tem, gradualmente, mudado o rumo que tinha traçado a quando da sua eleição há três anos. Casos como a saída de Correia de Campos da pasta da Saúde (é uma área muito sensível, por abranger toda a sociedade, ao contrário da Educação), o anúncio de obras públicas mais ou menos faraónicas e o caso mais recente da descida do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 21 para 20%, com entrada em vigor no próximo dia 1 de Julho.

Depois de três anos em “guerra” contra o défice público e de “aparente” saneamento das contas públicas, com o Sr. Ministro Teixeira dos Santos a repetir incansavelmente de que não teríamos descidas de impostos nesta legislatura, não deixa de ser surpreendente este anúncio da descida do IVA por parte do Governo. Mesmo com o défice de 2007 a fechar abaixo dos 3% (2,6%), o Governo Sócrates viu-se na obrigação de suavizar a crescente onda de contestação que varre o país, utilizando o argumento de que o défice está controlado?! Por favor, Sr. Primeiro-Ministro. Com 2,6%? O défice controlado? Não passa de uma medida para que os portugueses acreditem de que o pior já passou e que a partir de agora a situação vai melhor, e claro, para este Governo ficar mais quatro anos.

Para além disso, esta medida é contraditória, já que os portugueses não vão poder desapertar o cinto, nem sequer vão ver as suas carteiras com mais dinheiro (pelo menos aquele 1% a mais, da descida do IVA). Já que no dia-a-dia, a descida deste ponto percentual, não passa de uns pequeninos cêntimos, e como tal, esses poucos cêntimos vão parar ao bolso dos empresários (que já vieram aprovar com entusiasmo esta medida).

29 março 2008

Professores vs. Alunos

É geral e cada vez mais presente na nossa sociedade, o descontentamento dos professores. Estamos a assistir ao descrédito de uma classe que, talvez seja a única, que ainda luta de forma unida pelos seus problemas. A sociedade portuguesa está a desprezar os seus professores (profissionais encarregues de transmitir conhecimento às novas gerações). É ideia geral da população, de que esta classe goza de regalias que os outros trabalhadores não têm (semanas de férias, bom salário e trabalho pouco desgastante). Esta classe acaba por ser vítima da sua própria luta junto dos governantes (nomeadamente em relação às constantes reformas implementadas pelos sucessivos governos e ministros da tutela). A constante mediatização da luta dos profissionais do ensino acaba por “cansar” o resto da sociedade, que vê esta luta como uma vitimização dos professores.

No entanto, estamos a chegar a um ponto de situação muito grave. Para além do referido anteriormente, os professores estão a sofrer na pele esse crescente descrédito. As mais recentes notícias de violência de alunos contra professores têm sido abertura dos telejornais. Esta nova guerra na sociedade tem como principais culpados: todos nós. Não estou aqui a martirizar os professores, nem a fazer de “advogado do diabo”, já que não concordo em muitas questões defendidas pela classe. No entanto, a situação chegou a um nível muito perigoso. A situação ocorrida na Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, é muito grave e acaba por ser a ponta do icebergue. Muitos outros casos acontecem e nunca chegam a ser divulgados nos media ou mesmo na própria escola. É por isso, que a aluna deve ter um castigo exemplar, para que esta geração e toda a sociedade reflictam.

O professor tem um papel muitíssimo importante na sociedade, já que é ele que transmite o conhecimento às novas gerações e é o garante de uma sociedade mais civilizada. Colocando de lado a questão da qualidade do ensino ou dos próprios professores, já que não é isso que está aqui em jogo, o professor deve ser respeitado por todos nós, pelo seu papel na sociedade e, pura e simplesmente, por ser uma pessoa igual a todas as outras. É comum ouvirmos os nossos pais dizerem-nos como os professores eram rígidos, no seu tempo, e como os seus próprios pais davam a liberdade aos professores para colocarem os seus filhos “na linha”. Hoje, acontece o contrário. Os alunos vão para a escola sem qualquer interesse e respeito pela instituição “escola” e pelos seus professores. Para além disso, ainda têm o apoio dos pais que, eles sim, deveriam educar os seus filhos (também aqui é uma ideia generalizada de que os professores é que devem dar educação aos alunos.) Os pais não participam, em muitos casos, na vida escolar dos filhos, entregam-nos à escola, e os professores que façam o que lhes compete e mais ainda. Mais grave ainda, os pais protegem os maus comportamentos dos seus filhos, tendo o descaramento de aparecerem na escola gritando com os profissionais do ensino. “Porque o meu filho em casa não é assim…”, “porque ele não está a passar um período muito bom…”, etc, etc, etc…

Que este caso seja um exemplo para todos os outros alunos do país e que nos faça reflectir em relação aos nossos comportamentos… pouco cívicos.

08 março 2008

Tons de mudança

Depois de algumas semanas de afastamento, por obrigações académicas, estou de volta ao activo. Depois de alguns leitores terem manifestado alguma tristeza por esta paragem momentânea, espero ter mais tempo disponível, a partir de agora, para o blogue. Para minha infelicidade, os dias só têm 24 horas.

Durante estas semanas, foram inúmeros os acontecimentos marcantes que foram noticiados, uns mais do que outros, pelos media internacionais. Seria humanamente impossível e tornar-me-ia repetitivo escrever sobre todos eles ou mesmo sobre os mais importantes. Desta forma, para este regresso, decidi trazer quatro temas que poderão ser o início de novas etapas, em diferentes regiões do globo.

Em primeiro lugar, o acontecimento mais significativo foi o afastamento, por vontade própria, de Fidel Castro, de todos os cargos de poder da República de Cuba. Este afastamento, para já, e ao que tudo indica, será só aparente, já que Fidel, líder incontestado da revolução cubana, continuará a opinar sobre os acontecimentos que marcam o dia-a-dia do país no jornal do Partido Comunista Cubano e terá sempre influência, no rumo a dar a Cuba. Para o seu lugar, foi eleito, no passado dia 24 de Fevereiro, o seu irmão Raúl Castro, de 76 anos, que já estava a chefiar o Conselho de Estado, em substituição de Fidel, devido à doença deste último.

Goste-se ou não da pessoa ou das suas ideologias socialistas, Fidel Castro marcou a história do século XX, pela coragem que sempre demonstrou em fazer frente aos todo-poderosos Estados Unidos da América (EUA), em nome dos “oprimidos” ou do movimento dos não-alinhados. Após 49 anos de poder, Fidel afasta-se, pelo menos dos cargos políticos. Este facto é o virar de página da história cubana. Não é o fim, nem sequer o início do fim da ditadura, mas poderemos estar perante o início de algumas mudanças da ideologia comunista que governa o país. Haverá uma abertura gradual ao exterior. É, sem dúvida, a modernização do regime, tal como, sucedeu na China. Os próximos anos nos esclareceram…




Em segundo lugar, e menos mediático que o primeiro, foram as eleições presidenciais em Chipre. A subida ao poder de Demetris Christofias, poderá ser uma viragem para o país, situado no mar Egeu, e dividido desde 1974. A sul da ilha, a República de Chipre (pró-grega), reconhecida pela comunidade internacional e membro da União Europeia desde 2004, a norte, a República Turca de Chipre do Norte (pró-turca), reconhecida unicamente pela Turquia. Os dois Estados têm como capital, Nicósia, que é a última capital europeia dividida. Em 1974, reagindo a um golpe dos cipriotas gregos, que queriam a união com a Grécia, a Turquia invadiu a ilha, ocupando a parte norte.

Christofias já demonstrou vontade em encontrar-se com o seu homólogo do norte, algo impensável, com o anterior chefe de Estado, Tassos Papadopoulos. Com esta eleição, a população do lado grego, demonstrou vontade de mudança, relativamente ao processo de reunificação. Os próximos meses serão decisivos…



O terceiro exemplo que trago aqui e que demonstra alguma mudança na política internacional em algumas partes do globo, é a recente visita do Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, ao Iraque. Pela primeira na história, um presidente iraniana pisou solo iraquiano. Um marco histórico que durou quarenta e oito horas e que representa a reaproximação de dois países que já foram inimigos. Para além disso, há a realçar duas consequências desta mesma visita. Em primeiro lugar, a possível aproximação entre o Irão e os EUA, tendo o Iraque como intermediário. Nos últimos meses, foi notório o apaziguamento das relações entre Irão/EUA, nomeadamente no que toca à questão do programa nuclear iraniano, tendo os EUA apresentado um relatório dos seus serviços secretos realçando o fim desse mesmo plano em 2003.

A segunda questão a realçar desta visita de Ahmadinejad ao Iraque, serve para demonstrar um certo ascendente do seu país naquela região. Com o ataque dos EUA ao Afeganistão e ao Iraque – afastando regimes políticos hostis a Teerão – proporcionaram ao Irão uma importância regional que não tinha até agora. Mais visitas entre os dois governos se perspectivam nos próximos tempos…



Por fim, e como último caso de mudança, temos a Coreia do Norte. A Coreia do Norte é uma ditadura socialista rigidamente centralizada, com o poder nas mãos de Kim Jong Il. Parece surpreendente, mas é verdade. O regime coreano entreabriu as portas do país para acolher um concerto da Filarmónica de Nova Iorque em Pyongyang, capital norte-coreana. Tal como no exemplo anterior (do Irão), aqui também verificamos algum desanuviamento das relações entre os EUA e a Coreia do Norte (tal como o Irão, membro do denominado (pelos EUA) “Eixo do Mal”). Este evento marcou a primeira deslocação da maior instituição cultural norte-americana àquele território. Além disso, esta deslocação significou a maior presença de cidadãos norte-americanos em solo norte-coreano, desde o fim da guerra da Coreia, em 1953. Para 2009, Kim Jong Il vai reabrir as portas do país para outro concerto, e desta vez será… Eric Clapton.