11 julho 2008
08 julho 2008
Já não era sem tempo

Um ciclo terminou na Selecção Nacional de Futebol. A era Luiz Filipe Scolari terminou e o balanço não me parece ter sido o melhor. Quem me conhece saberá o quanto desejava esta saída. Ao contrário da grande maioria dos portugueses, o Sr. Scolari nunca me entusiasmou e nunca me levou a colocar a bandeira de Portugal na janela, nem mesmo, o cachecol ao pescoço. Durante cinco anos, estive de costas voltadas para uma selecção na qual eu nunca me revi. (Não apoiar a Selecção Nacional não é, ao contrário daquilo que muitos pensam, ir contra a Pátria. Estamos a falar de futebol, não do país e sua soberania.) Foram demasiadas as trapalhadas, os erros e as birras do Sargentão. E os resultados? Com a saída do brasileiro, a maioria do País considerou que este seleccionador fez história pelo seu percurso na nossa Selecção, ao elevá-la a um nível onde nunca tinha chegado. Não posso concordar.
O nível a que o Sr. Scolari pôs a Selecção é o mesmo nível em que ela já estava antes dele chegar. A Selecção Portuguesa já tinha reconhecimento internacional antes da era Scolari. Luiz Filipe Scolari chegou com a performance do Mundial da Coreia e do Japão ainda no pensamento de todos nós. É verdade que essa prestação foi uma catástrofe, mas estivemos lá. Quantas presenças tem Portugal em Mundiais ou Europeus? (Mundiais: 4 (países como o México: 13; Bélgica e Suécia: 11; Estados Unidos e Suíça: 8 têm mais presenças do que Portugal, que está na 29ª posição, dos países com mais presenças, em igualdade com Colômbia, Marrocos, Perú, Tunísia e Arábia Saudita)) (Europeus: 5 (com a Dinamarca à frente com 7 e em igualdade com a Antiga União Soviética, Jugoslávia, República Federal Alemã (países que já nem existem) e a “nova” Alemanha) E se essa campanha do Mundial 2002 foi considerada uma catástrofe é porque a nossa Selecção já tinha algum renome internacional. A Selecção participou no Europeu inglês em 1996, chegando aos quartos-de-final (tal como o Euro que terminou há poucos dias). Depois teve azar na qualificação para o Mundial de França, em 1998. Em 2000, a Selecção (para mim, a melhor equipa que Portugal já teve em competições internacionais) participou no Europeu, na Bélgica e na Holanda, chegando às meias-finais, sendo eliminada pela, na altura, toda poderosa França (campeã mundial e futura campeã europeia). Não quero retirar mérito ao Sr.Scolari, mas ele não conseguiu elevar mais o nível da Selecção, este nível já tinha sido atingido.
A era Scolari começou com o Euro 2004, jogado em casa. A primeira derrota na competição, veio demonstrar a casmurrice do Sargentão, que andou vários meses a colocar uma equipa, quando estava à vista de toda a gente que ele tinha o esqueleto da equipa do FC Porto (campeã da Europa) à disposição. Isto, para não falar da não convocação ou pelo menos explicação para essa não convocação, daquele que considero o último guarda-redes português de nível mundial, Vítor Baía (campeão da Europa com o FC Porto e tendo realizado uma excelente época). Portugal chegou à final, com uma equipa construída pelo treinador do FC Porto, perdendo, em casa, com a Grécia. E repito, em casa!
Outras questões como a dos sub-21, em que o Sr. Scolari veio, a poucos dias do começo do Europeu da categoria, organizado em Portugal, dizer que era ele o “patrão” dos sub-21, fragilizando a posição do então treinador daquela equipa, Agostinho Oliveira. Eu pergunto-me, se ele alguma vez olhou para as selecções mais jovens.
A questão da escolha do Ricardo e a teimosia de colocá-lo sempre a jogar, mesmo quando este não se apresentava nas melhores condições. Esta teimosia, custou a Portugal, a vitória no Euro 2004 (para mim, o Ricardo tem a sua quota-parte de culpa no lance do golo da Grécia, na final do Euro 2004) e a passagem às meias-finais do último Euro, na Suíça e na Áustria. Pena é que, enquanto jogou em Portugal, não se podia dizer mal do Ricardo porque tínhamos, desde logo, os sportinguistas a contrapor com o argumento de que, só se dizia mal do Ricardo por ele ser do Sporting. Até então, ele era o herói nacional… até defendia penáltis sem luvas!
Outras questões ficaram muito mal explicadas. Neste Euro, a questão de não querer os jogadores a negociar possíveis transferências enquanto estavam na Selecção, quando ele próprio estava a negociar com o Chelsea. Ou mesmo, a total liberdade que deu após o jogo com a Rep. Checa. Lamentável.
Foram demasiadas as trapalhadas e não quero estar a sacrificar o Sr. Scolari. Não foi tudo mau, como é óbvio. O Sr. Scolari trouxe organização à Selecção Nacional. Para além disso, o Sr. Scolari conseguiu que a população voltasse a torcer pela Selecção, com tudo aquilo que tem de bom e de mau. (Como referi, no início do texto, quem apoiava a Selecção era o “bom português”, quem não apoiava era “mau português”, para não falar das “parolas” conferências de imprensa com cantores “pimba” ou do mau trabalho dos jornalistas portugueses, durante as fases finais dos Euros e do Mundial, que retiraram a sua camisola de jornalistas para vestir a de Portugal (isto é que são jornalistas)).
Concluindo, o Sr. Scolari foi contratado para ganhar (não nos podemos esquecer, que ele veio como Campeão do Mundo, com um ordenado bem chorudo) e falhou. Não conseguiu elevar, mais do que estava, o prestígio da Selecção. E mais, com esta contratação (de Scolari), foi colocado em perigo o futuro das Selecções Nacionais, já que como referi anteriormente, o Sr. Scolari veio para treinar a Selecção A, nunca dando muita importância às selecções jovens. Para além disso, nem sempre foram convocados os melhores, nem me lembro sequer de ele ter observado jogos (tirando as finais da Taça de Portugal, em que ele era convidado), para poder ver os jogadores em acção.
O Sr. Scolari é um treinador médio, tem como principais pontos em seu favor, a motivação dos jogadores e a criação da união de grupo. No entanto, no que toca à questão táctica, o Sr. Scolari é um fracasso. Agora, só espero para vê-lo a treinar em Inglaterra e a lidar com os jornalistas ingleses (ele que tanto se queixava dos portugueses).
PS: o Sr. Scolari teve, durante todo o tempo em que permaneceu em Portugal, toda a liberdade para fazer o que queria. Várias situações, algumas referidas por mim nas linhas anteriores, poderiam ter sido evitadas, se a Federação Portuguesa de Futebol tivesse à sua frente um Presidente que se conseguisse impor. Nunca ficou bem claro, quem realmente mandava em quem (Madaíl em Scolari ou Scolari em Madaíl).
Se me permitem, deixo já a minha preferência para o novo seleccionador. Terá defeitos como todos nós, mas, se Portugal teve uma Selecção competitiva, nos últimos 10-15 anos, deve-se a uma pessoa – Carlos Queiróz.
04 julho 2008
02 julho 2008
Euro 2008: Y vive Espanha!

No que toca ao balanço deste Europeu, destacaria pela positiva e pela negativa, respectivamente:
1) Aposta ganha do futebol espectáculo/ofensivo (Espanha, Holanda, Croácia, Portugal, etc. …);
2) Emoção e grandes golos;
3) Estádios cheios com paisagens em fundo deslumbrantes;
4) Imagens aéreas dando uma nova perspectiva do jogo – câmara “aranha” deve continuar;
5) Lesões, várias delas graves – talvez seja necessário rever a calendarização de todo o futebol e o respectivo número de jogos;
6) Organização deixou um muito a desejar. Os Fan Park foram, na sua maioria, instalados nos arredores das cidades, de forma a não incomodar a rotina dos locais, que pouco se envolveram na festa (é o preço a pagar por dar a organização a países onde o futebol tem pouco expressão);
7) Condições climatéricas – tendo passado parte da minha infância e adolescência na Suíça, não me recordo de mudanças climatéricas tão radicais, no espaço de um único dia – efeitos do aquecimento global.
No que toca a equipas e jogadores, o balanço é:
1) Espanha, Holanda, Rússia, Croácia e Turquia.
2) Senna, Xavi e David Silva (Espanha), Sneijder e Engelaar (Holanda), Pepe e Deco (Portugal), Modric (Croácia), Arshavin e Pavlyuchenko (Rússia), Ballack (Alemanha).
3) Rep. Checa, França, Itália e Suécia.
4) Luca Toni (Itália), Patrick Vieira e Henry (França), Cristiano Ronaldo (Portugal).
27 junho 2008
24 junho 2008
Euro 2008: Viena, aqui vamos nós!

Os quartos-de-final foram, como já referi anteriormente, cheios de emoção, equilíbrio e muitas surpresas. Para quem leu os posts anteriores, constatará a minha total desinspiração para os prognósticos dos vencedores dos quartos-de-final.
Tirando os jogos entre Portugal e a Alemanha (único jogo que acertei) (nas minhas previsões iniciais, tinham apontado este jogo para as meias-finais. Infelizmente, aconteceu mais cedo e a eliminação de Portugal veio a consumar-se) e Espanha com a Itália (meia-surpresa, devido ao estatuto da Itália de campeã do mundo, já que em termos de jogo, a Itália já tinha demonstrado na primeira fase que não estava num bom momento), onde se previa um grande equilíbrio e onde qualquer das equipas poderia passar para as meias-finais, nos outros dois jogos, teoricamente, havia um maior favoritismo de uma das equipas.
Assim, a eliminação da Croácia pela Turquia, depois de grandes penalidades foi a primeira surpresa. A Croácia até demonstrou melhor futebol ao longo do jogo, mas a estrelinha da sorte voltou a estar do lado turco. Até quando…
A outra grande (enorme) surpresa foi a eliminação da super favorita Holanda, pela surpreendente Rússia. Esta demonstrou ao longo dos 120 minutos do jogo, ser melhor equipa. Pela primeira vez, a Rússia passou uma fase de grupos e, já é, a equipa revelação da prova. Por seu lado, a Holanda, que foi demolidora na primeira fase, caiu, sem glória.
Como curiosidade, tirando a Espanha, as equipas que se qualificaram mais cedo para os quartos-de-final (que tiveram a oportunidade de fazer descansar os principais titulares no último jogo do grupo) foram eliminadas. Dá que pensar sobre fazer ou não descansar os principais jogadores. Por outro lado, das quatro equipas que ficaram pelo caminho, três apresentavam um futebol mais espectacular, virado para o ataque (Portugal, Croácia e Holanda). Dass outras quatro, sobram Rússia e Espanha com as mesmas características, sendo que, a Alemanha estará no meio-termo e a Turquia é a equipa menos atractiva. Não podemos esquecer o exemplo da Grécia, em 2004…
Tendo em conta as equipas que tinha apontado, no início da competição, como as minhas favoritas para ganhar o Euro 2008, só sobra a Alemanha (as outras eram a Holanda e a Itália). Desta forma, a minha previsão para a final é:
20 junho 2008
18 junho 2008
Euro 2008: Agora é que é!

07 junho 2008
Euro 2008: Prognósticos

Depois de Portugal, o Europeu de futebol instalou-se, de malas e bagagens, no centro da Europa, mais concretamente na Suíça e na Áustria. Países com poucas tradições no futebol europeu e mundial, a Suíça e a Áustria não são países onde o futebol seja o desporto-rei, já que têm maiores tradições nos desportos de Inverno.
A poucas horas da bola começar a rolar, aqui faço o exercício, sempre difícil, de deixar os meus prognósticos.
No que toca ao grupo A (grupo de Portugal), as equipas, teoricamente, mais fortes serão Portugal e a República Checa (que eu gostava que ganhasse o Euro). No entanto, não creio que este grupo seja fácil para estas duas equipas, já que a Turquia, com uma equipa bastante jovem, é sempre uma equipa perigosa. Quanto à Suíça, há a ter em conta o facto de jogar em casa, factor sempre muito importante neste tipo de competição.
No grupo B, a Alemanha é a grande favorita do grupo. Com uma equipa renovada e em crescendo nas últimas competições, a Alemanha é, como sempre, candidata à vitória final. Posto isto, a segunda vaga para os quartos de final vão ter como protagonistas a Croácia e a Polónia. No entanto, entre as duas equipas parece-me que a Croácia poderá levar a melhor sobre a Polónia. Quanto à última equipa do grupo, a Áustria, não creio que tenha argumentos para se intrometer com as três primeiras.
De seguida, aquele que é considerado, por muitos, como o “grupo da morte”. Itália, França (a Selecção que eu mais gosto, a seguir a Portugal), Holanda e Roménia. À partida, a passagem aos quartos de final irá jogar-se entre as três primeiras. No entanto, acho que a Roménia poderá criar algumas surpresas. Quanto à França, não acredito que passe a fase de grupos. Assim sendo, Holanda e Itália são as minhas apostas para ultrapassar esta fase.
Por fim, aquele que eu considero o grupo mais fraco do Europeu. Espanha, Suécia, Rússia e Grécia. A principal equipa a passar à fase seguinte é a Espanha, que deverá com alguma dificuldade passar aos quartos de final. Para ficar com a segunda vaga, a minha favorita é a Suécia. No entanto, não será muito difícil ver a Grécia passar aos quartos de final. A Rússia, por sua vez, deverá ficar pelo caminho.
Assim sendo, os quartos de final serão:
Portugal vs. Croácia
Alemanha vs. República Checa
Itália vs. Suécia
Espanha vs. Holanda
Meias-finais:
Portugal vs. Alemanha
Itália vs. Holanda
Final:
Alemanha vs. Holanda
Aqui ficam os meus prognósticos, sendo que não me espantaria se a Alemanha chegasse à final. O título europeu deve jogar-se entre estas três equipas. São, pelo menos, as Selecções que considero com mais possibilidades de vencer. Por outro lado, não vejo a Espanha ou Portugal chegarem mais longe. No caso de Portugal, os meus prognósticos são até bastante optimistas. No entanto, são feitos tendo em conta que Portugal ganhe o seu grupo e, no grupo B, a Alemanha fique em primeiro.
Que a bola comece a rolar…
P.S.: Estes são os meus prognósticos (e não preferências). A ordem dos jogos poderá ser diferente, dependendo das classificações na fase de grupos.
24 maio 2008
Tempo de balanço

O F.C. Porto foi, sem qualquer dúvida, a melhor equipa do campeonato. Desde muito cedo começou a criar uma diferença pontual muito grande em relação aos seus adversários mais directos pela luta do título, acabando com uma diferença pontual (sem os seis pontos que lhe foram retirados devido ao processo “Apito Final”) de 20 pontos! Há muito tempo que não se via uma diferença tão grande entre o campeão e o segundo lugar. Este F.C. Porto demolidor deveu-se (para além da excelente organização e estabilidade internas) à manutenção da sua equipa, do ano anterior. Analisando o onze base do F.C. Porto podemos concluir que Jesualdo Ferreira pouco ou nada mudou, em relação à época transacta. As excepções foram Tarik Sektioui e Ernesto Farías (e por momentos, Mariano Gonzalez). Foi uma aposta ganha por parte de Jesualdo Ferreira. A grande mágoa portista prendeu-se com a carreira europeia, eliminado pelo “modesto” Schalke 04 nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Para os lados de Lisboa, os dois maiores clubes da cidade fizeram uma época decepcionante, tendo o Sporting, no entanto, mais razões para sorrir. Com um plantel bastante curto, em termos de quantidade/qualidade, o Sporting desta época teve grandes contrastes. Entre grandes exibições e jogos “paupérrimos”, Paulo Bento foi obrigado a utilizar, praticamente sempre, o mesmo onze. Jogadores como João Moutinho, Tonel ou Liedson acumularam inúmeros minutos entre as quatro competições em que o Sporting participou (Campeonato, Liga dos Campeões/Taça UEFA, Taça da Liga e Taça de Portugal). Mesmo com um plantel tão curto, os leões conseguiram alcançar o segundo lugar, vencer a Taça de Portugal, chegar à final da Taça da Liga e aos quartos-de-final da Taça UEFA, sendo eliminado pelo Glasgow Rangers.
Do outro lado da Segunda Circular, o Benfica fez uma das suas piores épocas de sempre. Tendo investido qualquer coisa como 30 a 35 milhões de euros em reforços, os encarnados demonstraram que o dinheiro não paga a felicidade, nem cria grandes equipas. Sem um projecto concreto e devido à constante instabilidade do clube, o Benfica teve três treinadores, sendo que o primeiro foi despedido, logo, à primeira jornada?! Sempre mais preocupados com questões externas ao clube, os encarnados passaram completamente ao lado das competições em que participaram. O jogador que mais se destacou foi, sem dúvida, o “veterano” Rui Costa, que em final de carreira demonstrou toda a sua qualidade. Para além do Rui Costa, há a destacar também o guardião Quim que, por muitas vezes, evitou o pior.
Se os grandes de Lisboa desiludiram, os Vitórias foram as grandes revelações desta época. Com orçamentos muito baixos, conseguiram construir as suas equipas e torná-las muito competitivas. O de Guimarães conseguiu chegar ao terceiro lugar, qualificando-se pela primeira vez para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, dando, os seus adeptos, um grande exemplo de apoio ímpar à sua equipa. Quanto ao Vitória de Setúbal, demonstrou também bom futebol alcançando o sexto lugar da Liga Bwin e vencendo a recém-criada Taça da Liga. Os dois Vitórias contribuíram, em muito, para a presença de mais público nos estádios. Os dois clubes (um, vindo da Liga de Honra, outro, com graves problemas financeiros) deram um grande exemplo ao futebol. O espectáculo agradece.
A época ficou ainda marcada pelos casos extra relvado. Desde o processo “Apito Final” até aos salários em atraso (cada vez mais frequentes no nosso futebol) foram inúmeros os casos que ensombraram, uma vez mais, o futebol português.
Para além disso, e em tom de nota final, gostaria, também, de realçar o facto da Taça da Liga e a de Portugal não terem tido grande sucesso. Explico-me. No que toca à nova competição (Taça da Liga) será necessário que a Liga de Clubes repense o formato da prova, para que os maiores clubes tenham vontade de disputá-la. Para além do formato, os prémios também deverão ser revistos. Num país como o nosso, não será, de todo, fácil, mas é necessário que esses clubes, ditos maiores (não estou só a falar dos três grandes, mas principalmente) cheguem longe na prova, já que são eles que poderão dar maior ou menor relevância e mediatismo à competição. Quanto à Taça de Portugal, a ideia é a mesma, sendo que neste caso, realçaria o facto de não concordar, há muito tempo, com o facto da final se realizar no Estádio do Jamor. Para além de representar uma época negra para o País, o Estádio não oferece as condições necessárias (conforto, segurança, etc.) para acolher uma final. Com tantos estádios no País, construídos para o Euro 2004 e, em certos casos, com as suas equipas a jogarem nas divisões secundárias, porque não realizar a final da Taça noutro local. Casos como o estádio de Aveiro, Leiria, Algarve, Coimbra que passam a temporada inteira vazios (tirando o de Coimbra) poderiam perfeitamente acolher a final. Além disso, são cidades que já demonstraram (especialmente nos casos de Aveiro e Leiria) não terem uma grande tradição em irem aos estádios e verem bons jogos de futebol. Seria bom pensar urgentemente nesta duas competições, para que não sejam, cada vez mais, relegadas para segundo plano.
14 maio 2008
12 maio 2008
Até sempre... "Maestro"!
Rui Manuel César Costa ficará na história do futebol pelo seu génio. Por onde passou, deixou marcas e espalhou magia. Da Damaia (onde nasceu) a Florença, passando por Milão, todos os amantes do futebol se renderam à classe deste jogador. Pisou os grandes palcos do mundo e dirigiu, como só ele sabe, os melhores jogadores de futebol, não fosse ele, também, um dos melhores.
A sua grande paixão foi e é o “seu” Benfica, clube que o viu crescer desde os dez anos. Nunca escondeu o grande amor pelos “encarnados”, tendo protagonizado um episódio pouco vulgar – ter chorado, depois de marcar um golo pela Fiorentina, ao seu clube do coração. Regressou há dois anos, para terminar a sua fantástica carreira “no seu estádio e no meio da sua gente”. No dia do adeus, o Estádio da Luz encheu e voltou a viver-se o famoso inferno da Luz, como há muito não se via.
Obrigado e até sempre… “Maestro”!
10 maio 2008
Quais eleições?!

No entanto, nas últimas semanas, a cidade de Viseu, uma das cidades, do Interior do país, mais desenvolvidas e que maior crescimento urbanístico teve nos últimos 15-20 anos, foi “virada de pernas para o ar” e embelezada para receber o estágio da Selecção Nacional de Futebol, com vista à preparação do Euro 2008. Durante duas semanas, a cidade vai estar no centro do Portugal futebolístico, isto é, vai ser vista por todos os portugueses, em todos os telejornais, em constantes directos.
Desta forma, a cidade de Viseu entrou, há algumas semanas para cá, num autêntico frenesim de obras, para este acontecimento único. Se em relação aos melhoramentos das infra-estruturas do estádio do Fontelo concordo, no que toca à criação/melhoramento de vários quilómetros de passeios, um pouco por toda a cidade ou, ainda, a requalificação de algumas das vias em redor e dentro da cidade, dão que pensar. Não que eu me oponha a isso, bem pelo contrário. Em muitos dos casos eram obras que já deveriam ter sido realizadas há muito tempo. Aí, é que está a questão. Pensava que não era necessário vir a Selecção Nacional para essas obras serem realizadas. A vinda da equipa das quinas é, sem dúvida nenhuma, muito benéfica para toda a região, já que vai trazer muita gente durante estas duas semanas, para além, de promover a cidade e dinamizar a economia local. No entanto, é com alguma tristeza que vejo a real importância dos cidadãos, que realmente utilizam, todos os dias, essas vias.
Não vejo outra maneira, senão, promover uma volta a Portugal da Selecção. Talvez muitas estradas, por este país fora, sejam requalificadas…
04 abril 2008
Eleições à vista

A um ano das eleições legislativas e autárquicas no nosso país, constata-se um certo apaziguamento das políticas mais sensíveis do Governo Sócrates. Com o fim da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a 31 de Dezembro último, que o Governo tem, gradualmente, mudado o rumo que tinha traçado a quando da sua eleição há três anos. Casos como a saída de Correia de Campos da pasta da Saúde (é uma área muito sensível, por abranger toda a sociedade, ao contrário da Educação), o anúncio de obras públicas mais ou menos faraónicas e o caso mais recente da descida do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 21 para 20%, com entrada em vigor no próximo dia 1 de Julho.
Depois de três anos em “guerra” contra o défice público e de “aparente” saneamento das contas públicas, com o Sr. Ministro Teixeira dos Santos a repetir incansavelmente de que não teríamos descidas de impostos nesta legislatura, não deixa de ser surpreendente este anúncio da descida do IVA por parte do Governo. Mesmo com o défice de 2007 a fechar abaixo dos 3% (2,6%), o Governo Sócrates viu-se na obrigação de suavizar a crescente onda de contestação que varre o país, utilizando o argumento de que o défice está controlado?! Por favor, Sr. Primeiro-Ministro. Com 2,6%? O défice controlado? Não passa de uma medida para que os portugueses acreditem de que o pior já passou e que a partir de agora a situação vai melhor, e claro, para este Governo ficar mais quatro anos.
Para além disso, esta medida é contraditória, já que os portugueses não vão poder desapertar o cinto, nem sequer vão ver as suas carteiras com mais dinheiro (pelo menos aquele 1% a mais, da descida do IVA). Já que no dia-a-dia, a descida deste ponto percentual, não passa de uns pequeninos cêntimos, e como tal, esses poucos cêntimos vão parar ao bolso dos empresários (que já vieram aprovar com entusiasmo esta medida).
29 março 2008
No entanto, estamos a chegar a um ponto de situação muito grave. Para além do referido anteriormente, os professores estão a sofrer na pele esse crescente descrédito. As mais recentes notícias de violência de alunos contra professores têm sido abertura dos telejornais. Esta nova guerra na sociedade tem como principais culpados: todos nós. Não estou aqui a martirizar os professores, nem a fazer de “advogado do diabo”, já que não concordo em muitas questões defendidas pela classe. No entanto, a situação chegou a um nível muito perigoso. A situação ocorrida na Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, é muito grave e acaba por ser a ponta do icebergue. Muitos outros casos acontecem e nunca chegam a ser divulgados nos media ou mesmo na própria escola. É por isso, que a aluna deve ter um castigo exemplar, para que esta geração e toda a sociedade reflictam.
O professor tem um papel muitíssimo importante na sociedade, já que é ele que transmite o conhecimento às novas gerações e é o garante de uma sociedade mais civilizada. Colocando de lado a questão da qualidade do ensino ou dos próprios professores, já que não é isso que está aqui em jogo, o professor deve ser respeitado por todos nós, pelo seu papel na sociedade e, pura e simplesmente, por ser uma pessoa igual a todas as outras. É comum ouvirmos os nossos pais dizerem-nos como os professores eram rígidos, no seu tempo, e como os seus próprios pais davam a liberdade aos professores para colocarem os seus filhos “na linha”. Hoje, acontece o contrário. Os alunos vão para a escola sem qualquer interesse e respeito pela instituição “escola” e pelos seus professores. Para além disso, ainda têm o apoio dos pais que, eles sim, deveriam educar os seus filhos (também aqui é uma ideia generalizada de que os professores é que devem dar educação aos alunos.) Os pais não participam, em muitos casos, na vida escolar dos filhos, entregam-nos à escola, e os professores que façam o que lhes compete e mais ainda. Mais grave ainda, os pais protegem os maus comportamentos dos seus filhos, tendo o descaramento de aparecerem na escola gritando com os profissionais do ensino. “Porque o meu filho em casa não é assim…”, “porque ele não está a passar um período muito bom…”, etc, etc, etc…
Que este caso seja um exemplo para todos os outros alunos do país e que nos faça reflectir em relação aos nossos comportamentos… pouco cívicos.
08 março 2008
Tons de mudança
Durante estas semanas, foram inúmeros os acontecimentos marcantes que foram noticiados, uns mais do que outros, pelos media internacionais. Seria humanamente impossível e tornar-me-ia repetitivo escrever sobre todos eles ou mesmo sobre os mais importantes. Desta forma, para este regresso, decidi trazer quatro temas que poderão ser o início de novas etapas, em diferentes regiões do globo.
Em primeiro lugar, o acontecimento mais significativo foi o afastamento, por vontade própria, de Fidel Castro, de todos os cargos de poder da República de Cuba. Este afastamento, para já, e ao que tudo indica, será só aparente, já que Fidel, líder incontestado da revolução cubana, continuará a opinar sobre os acontecimentos que marcam o dia-a-dia do país no jornal do Partido Comunista Cubano e terá sempre influência, no rumo a dar a Cuba. Para o seu lugar, foi eleito, no passado dia 24 de Fevereiro, o seu irmão Raúl Castro, de 76 anos, que já estava a chefiar o Conselho de Estado, em substituição de Fidel, devido à doença deste último.
Goste-se ou não da pessoa ou das suas ideologias socialistas, Fidel Castro marcou a história do século XX, pela coragem que sempre demonstrou em fazer frente aos todo-poderosos Estados Unidos da América (EUA), em nome dos “oprimidos” ou do movimento dos não-alinhados. Após 49 anos de poder, Fidel afasta-se, pelo menos dos cargos políticos. Este facto é o virar de página da história cubana. Não é o fim, nem sequer o início do fim da ditadura, mas poderemos estar perante o início de algumas mudanças da ideologia comunista que governa o país. Haverá uma abertura gradual ao exterior. É, sem dúvida, a modernização do regime, tal como, sucedeu na China. Os próximos anos nos esclareceram…

Em segundo lugar, e menos mediático que o primeiro, foram as eleições presidenciais em Chipre. A subida ao poder de Demetris Christofias, poderá ser uma viragem para o país, situado no mar Egeu, e dividido desde 1974. A sul da ilha, a República de Chipre (pró-grega), reconhecida pela comunidade internacional e membro da União Europeia desde 2004, a norte, a República Turca de Chipre do Norte (pró-turca), reconhecida unicamente pela Turquia. Os dois Estados têm como capital, Nicósia, que é a última capital europeia dividida. Em 1974, reagindo a um golpe dos cipriotas gregos, que queriam a união com a Grécia, a Turquia invadiu a ilha, ocupando a parte norte.
Christofias já demonstrou vontade em encontrar-se com o seu homólogo do norte, algo impensável, com o anterior chefe de Estado, Tassos Papadopoulos. Com esta eleição, a população do lado grego, demonstrou vontade de mudança, relativamente ao processo de reunificação. Os próximos meses serão decisivos…

O terceiro exemplo que trago aqui e que demonstra alguma mudança na política internacional em algumas partes do globo, é a recente visita do Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, ao Iraque. Pela primeira na história, um presidente iraniana pisou solo iraquiano. Um marco histórico que durou quarenta e oito horas e que representa a reaproximação de dois países que já foram inimigos. Para além disso, há a realçar duas consequências desta mesma visita. Em primeiro lugar, a possível aproximação entre o Irão e os EUA, tendo o Iraque como intermediário. Nos últimos meses, foi notório o apaziguamento das relações entre Irão/EUA, nomeadamente no que toca à questão do programa nuclear iraniano, tendo os EUA apresentado um relatório dos seus serviços secretos realçando o fim desse mesmo plano em 2003.
A segunda questão a realçar desta visita de Ahmadinejad ao Iraque, serve para demonstrar um certo ascendente do seu país naquela região. Com o ataque dos EUA ao Afeganistão e ao Iraque – afastando regimes políticos hostis a Teerão – proporcionaram ao Irão uma importância regional que não tinha até agora. Mais visitas entre os dois governos se perspectivam nos próximos tempos…

Por fim, e como último caso de mudança, temos a Coreia do Norte. A Coreia do Norte é uma ditadura socialista rigidamente centralizada, com o poder nas mãos de Kim Jong Il. Parece surpreendente, mas é verdade. O regime coreano entreabriu as portas do país para acolher um concerto da Filarmónica de Nova Iorque em Pyongyang, capital norte-coreana. Tal como no exemplo anterior (do Irão), aqui também verificamos algum desanuviamento das relações entre os EUA e a Coreia do Norte (tal como o Irão, membro do denominado (pelos EUA) “Eixo do Mal”). Este evento marcou a primeira deslocação da maior instituição cultural norte-americana àquele território. Além disso, esta deslocação significou a maior presença de cidadãos norte-americanos em solo norte-coreano, desde o fim da guerra da Coreia, em 1953. Para 2009, Kim Jong Il vai reabrir as portas do país para outro concerto, e desta vez será… Eric Clapton.

25 dezembro 2007
Assim vai o Natal

Com o tempo surgiram as tradições natalícias que foram suplantando o valor religioso do Natal e abriram a festa a manifestações mais profanas, ainda que outras tenham surgido como forma de homenagem e louvor ao menino Jesus.
Mais uma vez, chegamos a essa data e o mundo está em êxtase com a época natalícia. No entanto, os valores e significados desta época já não são o que eram. As pessoas já não dão a importância àquilo que verdadeiramente é o Natal. Nem sei se festejam, realmente, o Natal.
Hoje, o Natal é feito de idas constantes aos supermercados e aos centros comerciais, com regressos a casa com inúmeros sacos. Presentes e mais presentes. Para os amigos, para os vizinhos, para a/o esposa/esposo ou, mesmo, para os próprios. Os almoços de família antes do grande dia são passados a saber o que uns e outros querem receber. Presentes e mais presentes. Uns úteis outros nem por isso. (Parece que a moda, este ano, é o GPS, que toda a gente quer e ninguém sabe bem porquê e para quê. Pessoalmente, acho que é a nova decoração que os portugueses encontraram para colocar nos seus automóveis, tal como foi, anteriormente, o CD no retrovisor ou a almofada rendada no vidro de trás).
Dezembro tornou-se na época por excelência, onde todas as pessoas são solidárias (como se durante o resto do ano não houvesse pessoas a viver na rua ou a passar muitas dificuldades) (Já agora, aproveito para deixar a sugestão aos órgãos competentes que se proclame o mês da solidariedade (tal como existe o dia disto ou daquilo)). Todos são amigos uns dos outros, contrastando com a má disposição existente durante as outras épocas do ano. O Natal é uma festividade religiosa que todos (incluindo ateus, agnósticos e quaisquer outros palavrões como esses) utilizam como pretexto para mergulhar os seus impulsos consumistas nos centros comerciais, gastando o que podem e o que não podem. De ano para ano, batem-se recordes de envios de sms’s e de transacções através do Multibanco. Milhões de euros todos os anos! Os Belmiros de Azevedos e os Jardims Gonçalves agradecem! Dizem-me que o Natal é uma festa de família, de reunião. Mas, será que é necessário haver o pretexto do Natal para as famílias se reunirem?
Por fim, venera-se um boneco criado em 1931 pela Coca-Cola para uma campanha publicitária da marca (figura essa inspirada em São Nicolau Taumaturgo, Arcebispo de Mira).
Assim vai Portugal e o Mundo no ano de 2007.
28 novembro 2007
27 novembro 2007
Foram muitos os debates e comentários sobre o assunto. Uns a favor do Rei Juan Carlos, outros em defesa de Hugo Chávez. Quem terá razão? Nenhum. Quem ficou a ganhar? Sem dúvida, o presidente venezuelano, que mais uma vez consegue irritar-nos.
As ilações a tirar, em primeiro lugar, são que o Rei Juan Carlos foi contra todos os manuais de protocolo e todas as regras básicas de boa educação, ao mandar calar um Chefe de Estado (que muito defendem, democraticamente eleito (mas chegado ao poder através de um golpe de estado e constantemente reeleito através de muitas pressões junto dos cidadãos venezuelanos)). No entanto, o rei fez aquilo que muitos de nós (opinião pública), e muitos dos dirigentes dos países ocidentais, gostariam de ter feito, mas que em nome da “realpolitik”, nunca se atreveriam a fazer, já que seria quebrar as relações diplomáticas com um dos países com maiores stocks de petróleo do mundo. Sem querer fazer do Rei Juan Carlos um herói, bem pelo contrário, também não o quero crucificar, como vi durante estes dias, em muitos medias. Para além disso, e para os mesmos que quiseram “acabar” com o rei espanhol, Chávez também ele não esteve bem. Que eu saiba, quando outra pessoa está a falar, não se interrompe. Mas vindo dele, não tem importância, já que ele é um anti-Estados-Unidos, anti-globalização e, talvez, anti-tudo o que mexa neste mundo.
O segundo ponto a realçar, e talvez o mais importante, é a importância desta “cumbre” Ibero-americana. Para que serve? Qual a sua finalidade? O que defende? Ainda não percebi. O que sei, é que foi um fracasso total e só foi notícia devido ao sucedido. Esta cimeira, mais pareceu uma luta entre o Império espanhol e as suas colónias, com sede de independência. Para além de Chávez, também o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega (“companheira de estrada” de Chávez), levou o Rei espanhol a abandonar a sala. Esta cimeira demonstrou a crescente mudança nas lideranças dos países sul-americanos, passando estes a ter à sua frente políticos populistas que não sabem o significado de palavras como democracia ou liberdade de expressão (Bolívia, Venezuela, Nicarágua e a mais antiga, Cuba). (Antes que me acusem de defender os chamados países ocidentais, relembro uma das citações mais conhecidas de Winston Churchill: "A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos")
Há também a ter em conta, a falta de firmeza da presidente chilena, Michelle Bachelet, que deveria ter interrompido Chávez, para evitar o sucedido, e para este deixar o primeiro-ministro espanhol, José Luís Zapatero, falar.
No entanto, lá temos que engolir com estes senhores, em nome da já referida “realpolitik”, já que eles têm petróleo e gás natural.
PS: enquanto escrevo estas linhas, passam imagens no telejornal, de confrontos na Venezuela, entre a polícia e manifestantes, contra a nova Constituição que poderá levar Chávez a perpetuar-se no poder.
22 novembro 2007
Mais do mesmo...

07 outubro 2007
06 outubro 2007
Os monges saíram à rua
Myanmar é, actualmente, dirigida por uma junta militar, que se auto-intitula Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento. Esta junta é composta por dezanove generais, liderados pelo septuagenário Than Shwe. Durante muitos anos, a mais antiga ditadura militar do mundo criou laços com a hierarquia religiosa do país, investindo na reabilitação e construção de templos. Era para eles, uma forma de limparem as suas almas. (De referir, que Myanmar é um país muito religioso e que os monges são, a seguir à junta militar, o grupo com maior poder no país).
Os protestos começaram a 5 de Agosto, quando a junta militar decidiu aumentar o preço dos combustíveis para o dobro. Durante uma dessas manifestações, três monges foram feridos involuntariamente. Foi o suficiente para os monges saírem às ruas das principais cidades do país e juntarem-se à população civil. (Há a ter em conta que Myanmar é um dos países com a população mais pobre da Ásia. No entanto, tem uma riqueza incalculável, desde petróleo, pedras preciosas e gás natural (estima-se que as jazidas de gás natural representem 10% das reservas mundiais).
A resposta dos militares foi brutal. O país foi literalmente fechado ao exterior. Os servidores de Internet foram deitados a baixo, cortaram-se as comunicações telefónicas internacionais, perseguiram-se e calaram-se os jornalistas, apreenderam-se telemóveis, computadores e máquinas fotográficas, cercaram-se mosteiros, detiveram-se monges e opositores. Conclusão: oficialmente, nove pessoas morreram. Mais de 200, segundo os movimentos dissidentes.
A nível internacional pouco ou nada se tem feito (tirando as “sempre” “inúteis” sanções). A comunidade internacional tem tido muito cuidado neste caso. E existem razões para isso. Então vejamos. Desde a independência da Birmânia, em 1948, que a única instituição a funcionar como unidade interna do Estado e da sua integridade territorial são as Forças Armadas. O país apresenta uma das maiores diversidades étnicas do mundo. Mesmo o maior grupo de oposição, a Liga Nacional para a Democracia, liderada pela prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, não tem, ainda, uma organização unitária. Assim, percebe-se o temor da comunidade internacional, que receia um vazio no poder, susceptível de iniciar um processo desintegrador, capaz de ameaçar a segurança na região.
No entanto, outros interesses se sobrepõe. A Rússia e a China já manifestaram o seu desagrado, no caso de sanções por parte da ONU. Totalmente compreensível, já que a China é dos principais apoiantes da junta militar birmanesa. Para além disso, tem avultados investimentos no país. Mas terá a comunidade internacional coragem de enfrentar a China e a Rússia? Até agora parece que não… É por isso, que temos de ser nós (opinião pública) a não deixar, estes temas, caírem no esquecimento.